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22 de Março de 2011 - 16h29

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Diplomacia
Johnson deixou Teerão sem libertar cidadã britânica
Por Ana Fonseca Pereira

Foi adiada a audiência em que Zaghari-Ratcliffe deveria ter respondido por novas acusações. Marido diz estar mais optimista

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido terminou uma visita a Teerão sem fazer qualquer anúncio sobre a situação de Nazanin Zaghari-Ratcliffe, a britânica de origem iraniana que está há ano e meio detida no país e que arrisca ser condenada a mais anos de prisão na sequência de afirmações erradas feitas pelo próprio Boris Johnson. No entanto, uma audiência em tribunal que chegou a estar prevista para ontem acabou por ser adiada.

Johnson encontrou-se ontem com o Presidente Hassan Rouhani, tendo discutido de "forma frontal" formas de resolver "os obstáculos que continuam a existir nas relações entre os dois países", adiantou um porta-voz do MNE britânico, acrescentando que "foi uma visita proveitosa".

A imprensa iraniana deu sobretudo eco do desagrado de Teerão com as restrições que o Reino Unido continua a manter ao país, mesmo após o acordo nuclear de 2015. Mas as atenções dos britânicos estavam centradas no caso de Zaghari-Ratcliffe, que foi detida em Abril de 2016, quando se preparava para regressar ao Reino Unido após passar férias com a filha de um ano em casa dos pais. Funcionária da Thomson Reuters Foundation, uma organização sem fins lucrativos, foi acusada de conspirar para derrubar o regime iraniano e condenada a cinco anos de prisão - a filha mantém-se no país, aos cuidados dos avós maternos.

A sua situação complicou-se no mês passado, quando Johnson disse, numa intervenção pública, que ela só estava no Irão "para ensinar jornalismo", o que levou a justiça iraniana a indiciá-la por novos crimes, incluindo difusão de propaganda contra o regime, o que pode aumentar até dez anos a sua pena. Sob pressão, Johnson acabou por admitir o erro e prometer tudo fazer para conseguir a sua libertação.

Mas no momento em que o seu avião descolava de Teerão não havia qualquer sinal de que o regime iraniano - que não reconhece dupla nacionalidade dos seus cidadãos - esteja disponível para libertar antecipadamente Zaghari-Ratcliffe ou sequer abandonar as novas acusações contra ela.

No entanto, numa entrevista posterior à Sky News, Richard Ratcliffe, marido da iraniano-britânica, disse estar "mais optimista" depois de saber que foi adiada a audiência em tribunal que tinha sido marcada para este domingo. "Sem dúvida que a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros foi importante e que este adiamento é importante", afirmou, dizendo estar esperançado de que a mulher e a filha regressem ao Reino Unido ainda antes do Natal.



Fim

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