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22 de Março de 2011 - 16h29

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Vegetarianismo com álibi ocasional para carne e peixe
Por Mara Gonçalves

Uma editora, dois livros e um país fotografado

"Leve Portugal consigo", diz a editora Objecto Anónimo, que, para além de livros, também comercializa os tradicionais ímanes para se colar no frigorífico ou os postais que (ainda) se enviam.

Ao folhear Portugal Encantado, de Pedro Rodrigues, podemos ficar tentados a fazer com que aqueles "locais que têm magia e encantos próprios" cheguem às caixas de correio, mas o melhor é explorar, sem pressas, os diferentes cenários que pintam o olhar. Perdemo- -nos nos socalcos do Sistelo, em Arcos de Valdevez, mas, poucas páginas depois, o manto branco que pousa nos telhados da aldeia de Pitões das Júnias, em Montalegre, complementa o imaginário ligado aos filmes de Natal. Mais a sul, a herança islâmica de Mértola, Beja, ou a praia da Marinha, no Algarve, a encosta de leixões e falésias onde bate o mar - há muito mais neste livro, uma viagem por todo o país, com diferentes temperaturas para sentir através do olhar.

São as temperaturas - ou, melhor, as estações - que pautam a divisão de outro livro da mesma editora. Em Porto Seasons, de Sérgio Fonseca, vê-se a cidade ao longo de 365 dias. Inicia-se a visita com flores a desabrochar pela Praça da República, da mesma forma que os finalistas, que abanam as fitas, brotam para outra fase da vida. Passa-se pelo Verão com as fotografias do São João e parece que sentimos o cheiro a sardinha assada no ar. Há miúdos corajosos a saltar da Dom Luís para o Douro, mas pouco depois sabe-se que, a cada folha pisada, chegamos ao Outono, e sabêmo-lo no Jardim Botânico. Por fim, o Inverno, a chuva a confundir a vista e milhares de cabeças que se vêm, ao longe, na passagem de ano - no próximo, as mesmas tradições manter-se-ão.

Nuno Rafael Gomes

Texto editado por Sandra Silva Costa

a O que é o flexitarianismo? Um nome novo para um estilo de alimentação antigo, com múltiplas receitas pelo globo. No prato, a porção maior é sempre atribuída aos produtos vegetais, mas há espaço para furar ocasionalmente a dieta com pequenas quantidades de peixe ou de carne. Um semivegetarianismo ou vegetarianismo flexível, como também é conhecido, sem fundamentalismos, culpa ou sofrimento. Apenas flexibilidade, para que cada um se possa adaptar a situações excepcionais. Como aquele primeiro jantar em casa dos sogros em que o prato principal é o típico assado no forno. Ou um almoço de trabalho num restaurante "em que a única opção vegetariana é uma triste salada da casa".

No livro A cozinha flexi, do espanhol Adam Martín Skilton, parte-se destas premissas para traçar um plano alimentar para 21 dias, com o objectivo de criar um "novo estilo de vida", no qual cabem "todas as vantagens de uma dieta vegetariana", sem ter de abdicar totalmente do consumo de carne, peixe ou outro tipo de proteína animal. "Ser flexi proporciona-nos um álibi agradável para podermos descontrair um pouco e não termos de transformar a nossa dieta numa religião ou numa nova fonte de dogmatismo", escreve o jornalista, especialista em saúde e nutrição.

A ideia é dar um passo atrás e regressar à mesa das bisavós, onde a carne estava reservada aos dias de festa. Mas também dar um passo em frente, com receitas contemporâneas, novos ingredientes e superalimentos. Partindo da opinião da "maior parte dos psicólogos e especialistas em mudanças de conduta", que consideram que "um hábito não se instaurou até o termos posto em prática durante, pelo menos, 21 dias", Adam Martín Skilton desenhou um plano alimentar composto por pratos aconselhados para cada refeição (pequeno-almoço, almoço e jantar) ao longo desse período.

As receitas são depois divididas por quatro "categorias": pequenos-almoços e sobremesas; saladas, cremes e sopas; pratos principais (de frango, legumes ou peixe); e cereais e produtos hortícolas. Na ementa, há, por exemplo, pão de banana, trigo-sarraceno e tâmaras, canja com gnocchi, manjericão e parmesão ou bacalhau marinado à moda de Mireia Anglada.

Ao longo das 82 receitas que compõem o plano alimentar, Adam Martín Skilton introduz ainda pequenas notas sobre os diferentes superalimentos utilizados, como umeboshi, uma variedade japonesa de ameixa. E acrescenta caixas informativas sobre ingredientes menos comuns na gastronomia tradicional ibérica, como tempeh, gomásio, chucrute ou chermoula. Para quem não domina totalmente as artes da cozinha, o livro traz também observações e truques, com dicas para criar variações nas receitas ou praticar técnicas, como confitar ou pelar tomate mais facilmente.

Porque é importante "ser rigoroso" para manter uma alimentação saudável, mas também flexível o suficiente para que esta não se torne "um sofrimento".



Fim

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