PUBLICO.PT

PÚBLICO: Edição Impressa Versão para cegos
22 de Março de 2011 - 16h29

Secções PÚBLICO Edição Impressa: ÍNDICE DESTAQUE, ECONOMIA, MUNDO, CIÊNCIA, CULTURA, DESPORTO, SOCIEDADE, ESPAÇO PÚBLICO, ÚLTIMA, POLÍTICA, LOCAL, PRIMEIRA PÁGINA, GUIA, TELEVISÃO,

Ainda ontem
Veneza e Lisboa
Por Miguel Esteves Cardoso

Em Lisboa há restaurantes que enganam os turistas. Em Veneza também. Mas há uma enorme diferença. Em Lisboa ficou tudo na mesma. Mas em Veneza o presidente da câmara está a investigar o caso e promete represálias, caso a queixa seja legítima. Em Veneza o intrépido Marco Gasparinetti, um dos sócios do magnífico Gruppo 25 Aprile, um movimento de residentes/resistentes, anunciou que vai publicar no Facebook uma série de dicas para ajudar os turistas a defenderem-se.

Acha-se estranho que um grupo que quer lutar contra os excessos do turismo se disponha a ajudar os turistas? Pelo contrário. Gasparinetti afirmou, com nobreza e razão, que, quando um estabelecimento se porta mal, é o bom nome de Veneza que sofre: os justos pagam pelo pecador.

Estima-se que no centro concorridíssimo de Veneza, o sestiere de São Marco, onde só restam 4000 habitantes, só 1% dos restaurantes pertençam a venezianos. O problema da restauração deve-se quase sempre à má preparação dos turistas que desconhecem a cozinha veneziana e procuram uma cozinha genérico-italiana que não existe em nenhuma das muitas regiões de Itália. Quantos turistas sabem que Veneza teve relações muito mais próximas e antigas com dezenas de outros países do que com a recentíssima Itália?

Nós, os turistas, temos a obrigação e o prazer de gastar o nosso dinheiro a apoiar vidas e trabalhos de venezianos. Sem uma Veneza veneziana para visitar, o que é que fica? Os edifícios? Um museu? Os restos de uma pequena cidade? Que tristeza!



Fim

© Copyright PÚBLICO Comunicação Social SA