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PÚBLICO: Edição Impressa Versão para cegos
22 de Março de 2011 - 16h29

Secções PÚBLICO Edição Impressa: ÍNDICE DESTAQUE, ECONOMIA, MUNDO, CIÊNCIA, CULTURA, DESPORTO, SOCIEDADE, ESPAÇO PÚBLICO, ÚLTIMA, POLÍTICA, LOCAL, PRIMEIRA PÁGINA, GUIA, TELEVISÃO,

Cartas ao director

Supernanny I

Curioso e triste ao mesmo tempo o clamor levantado pelo programa Supernanny da SIC. Em primeiro lugar quem deve ser criticado asperamente são os pais das crianças que voluntariamente abrem as portas da sua casa, expondo-se de forma vergonhosa a si e aos filhos com fins inconfessáveis, muito próximos do vil metal. Estou à vontade, porquanto tenho cinco filhos, nove netos e seis bisnetos. Curiosamente ou não, é esquecido o lixo que passa na TV, esse sim altamente pernicioso, especialmente para as crianças, com a Casa dos Segredos à cabeça, palavrões proferidos por mulheres e homens a qualquer hora do dia, sem bolinha encarnada, sexo quase explícito, de dia e de noite, além das cenas de violência entre homem e mulher nalgumas afamadas telenovelas. Quanto à suposta "nany", está ali a ganhar mais umas coroas.

Carlos Leal, Lisboa

Supernanny II

Enquanto Alfredo Neves, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados considera que no programa Supernanny há "violação desproporcionada dos direitos de personalidade dos menores", Júlia Pinheiro, directora de programas da SIC, diz que há uma intenção social e pedagógica no programa. Os direitos de milhões de crianças e adolescentes têm sido espezinhados no mundo em que vivemos. Em Portugal, o flagelo do bullying escolar não para de aumentar. Gostava de ver a Ordem dos Advogados, a Unicef, o Instituto de Apoio à Criança, as escolas, os pais, o Governo e o Presidente da República unirem esforços para combater esse flagelo, que pode contribui para situações retratadas no Supernanny.

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

 

Supernanny III

Ando por este mundo há muitas décadas e interessa-me profundamente, entre outros aspectos, a convivência social, muito especialmente as relações familiares, suporte de toda a sociedade. Um programa da SIC que tem por objectivo último educar as crianças duma forma normativa, como se estas fossem um produto último de uma linha de montagem, criou em mim uma situação angustiante. As crianças, tratadas sem uma réstia de carinho, tendo de comer, lavar-se e dormir às horas que os educadores entendem ou têm disponíveis, são consideradas seres responsáveis, e é nelas que o programa faz cair o ónus da má educação ou dos comportamentos antissociais. Nos pequenos excertos de programas que vimos, já apresentados ou em vias disso, há um clima de autoritarismo que envenena qualquer relação humana. O adulto tem o poder de decidir e a criança só pode obedecer, porque o poder paternal, dentro do lar, é levado às últimas consequências. No futuro, numa educação assente em alicerces tão cruéis, como reagirá, depois de adulto, esta criança sufocada pela incompreensão e demência doméstica? O que mais confrange são os defensores desta programação, num ar de superioridade, porque, em seu entender, as pessoas antiquadas não percebem aquilo que se faz lá fora, apresentam-se como se estivessem a falar de cátedra para atrasados mentais.

Joaquim C. Tapadinhas, MontijoAs cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados e não prestará informação postal sobre eles.

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Fim

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