Redução da oferta da CP faz Refer perder 1,7 milhões

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Linhas rendem menos à Refer

A Refer vai encaixar em 2011 menos 1,7 milhões de euros provenientes da taxa de uso (portagem ferroviária) paga pela CP, devido à redução do número de comboios postos em circulação pela transportadora ferroviária.

Para este valor contribuem sobretudo o encerramento da linha suburbana de Leixões (250 mil euros a menos em portagem ferroviária) e o fim do serviço regional entre Beja e Funcheira (177 mil euros) e no ramal de Cáceres (175 mil euros) - ver reportagem na pág. 20.

A Refer recusou-se a divulgar ao PÚBLICO estes valores, mas os mesmos podem ser calculados com grande exactidão confrontando o plano de redução da oferta da CP com o directório de rede da gestora de infra-estruturas, no qual constam os custos das portagens e da utilização das estações.

É que, além da taxa de uso por usar os carris da Refer, a CP também deve pagar pela paragem dos seus comboios nas estações. Uma despesa que pode variar entre os 3,98 euros pagos por utilizar a Gare do Oriente e os 10 cêntimos que custa fazer parar uma composição no apeadeiro de Almourol, ou ainda os seis cêntimos sempre que uma composição pára na Praça do Quebedo, em Setúbal.

A título de exemplo, na Linha do Douro, os quatro comboios diários que vão deixar este ano de circular entre Régua e Pocinho traduzem-se numa ausência de receitas anual para a Refer (e numa correspondente poupança para a CP) de 184.515 euros, dos quais 182.282 euros representam a taxa de uso e 2.233 os direitos de paragem nas estações e apeadeiros. Por curiosidade: a CP paga 53 cêntimos por cada comboio que pára na Régua, 25 cêntimos no Pinhão, 20 cêntimos no Tua e 55 cêntimos no Pocinho. E o percurso de 68 quilómetros entre Régua e Pocinho é portajado à razão de 1,83 por comboio.

Apesar de tudo, os 1,7 milhões de euros a menos que a Refer vai receber (em rigor deverá rondar os 1,9 milhões, porque haverá também redução no serviço nocturno suburbano na Grande Lisboa) são uma gota de água nos 58 milhões de euros de receitas obtidas através da taxa de uso paga pela CP (e também pela Fertagus e da Takargo).

Mas se isso agrava o défice da Refer (em 2009, teve 113 milhões de euros de prejuízos), alivia por outro lado o da CP (que deverá atingir os 240 milhões negativos em 2010). Ou seja, para o contribuinte é indiferente.

A CP, em linha com o programa de contenção orçamental, anunciou que vai acabar com o serviço regional em 356 quilómetros de linhas do país, sobretudo no Alentejo e no Norte.

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