Insegurança pública?

As agressões atribuídas a elementos da PSP devem ser um sério alerta para todos, cidadãos e corporação

Quando a segurança dos cidadãos está em perigo, é suposto que a PSP actue. É, aliás, esse o seu nome (Polícia de Segurança Pública) e é essa a sua missão, como garante no seu próprio site: "Assegurar a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos da Constituição e da lei". Mas quando a segurança dos cidadãos começa a ser posta em causa pela própria polícia, a quem recorrer? O que se tem passado no Bairro Alto lisboeta já não pode resumir-se a casos isolados mas a um padrão de comportamento. Há uma semana, dois jovens agredidos: ele com fractura do maxilar (teve de ser operado), ela com hematomas na cara e nos braços. A 21 de Maio, duas agressões a pontapés: um taxista, acusado de mau estacionamento, e um jovem que, por ter a ousadia de interpelar o guarda, foi agredido a pontapés, algemado e detido. Na madrugada de domingo, quatro jovens iam a passar quando viram um grupo de polícias em volta de uma rapariga. Segundo os seus testemunhos, ela estava deitada no chão, caída, um dos polícias prendia-lhe a cabeça com o pé e outros batiam-lhe com cassetetes. Um dos jovens tirou fotografias. Azar o dele. Tiraram-lhe a máquina das mãos e começaram logo a bater-lhe. Bateram também noutro, que intercedeu pela rapariga. Levaram todos para a esquadra e continuaram a bater-lhes. Uma noite de pesadelo, absolutamente inexplicável. O argumento, dado pela PSP, de que foi usada "a força necessária para controlar a situação" esbarra com a realidade: os cinco eram jovens pacatos que nunca tinham visto (muito menos sentido) nada assim. Se a PSP quer ser respeitada, que mude de métodos. Estes só servem para que sejam os cidadãos a mudar de passeio, receosos, sempre que virem um polícia.

Cooperações estratégicas

Mário Soares não perdeu tempo. Menos de 48 horas após a confirmação do apoio do PS à candidatura de Manuel Alegre a Belém, o antigo Presidente escreveu, na sua coluna do Diário de Notícias, que essa decisão foi um "erro grave" de José Sócrates que poderá ser "fatal" para o partido. O tom ameaçador do aviso e a urgência do timing escolhido mostram que Soares está a falar a sério. E contrastam com o silêncio que Manuel Alegre se auto-impôs a seguir à declaração de apoio dos socialistas. Nada disto é normal. Nem o tom de Soares, nem o facto de Alegre não ter sequer dirigido uma mensagem de circunstância ao partido que o apoia, que por acaso é o maior do país. Tornou-se evidente como o mal-estar que as eleições presidenciais provocam nas hostes socialistas tem contornos quase esquizofrénicos. Soares colocou o ónus de uma eventual derrota eleitoral nos ombros de Sócrates. Ao não quebrar o silêncio depois da comissão nacional de domingo, Alegre desmentiu as declarações de empenho na sua campanha então feitas pelos socialistas. Pode dizer-se que, do lado dos socialistas, a cooperação estratégica com o candidato que apoiam vai ser difícil. O prof. Cavaco agradece ao PS. Afinal, sempre está a conseguir um retorno da sua "cooperação estratégica" com os socialistas.

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