Autarca apresenta queixa por violência doméstica

A violência doméstica costuma chegar à política através de despachos e projectos de lei. Mas, desta vez, uma dirigente política foi notícia por ser vítima e ter apresentado queixa. Isaura Morais, presidente da Câmara de Rio Maior eleita pelo PSD, cujo marido foi detido após a denúncia, vai entrar nas estatísticas deste crime em Portugal. A tendência tem-se revelado preocupante. Até Julho deste ano havia 11 casos de mortes devido a violência doméstica.

A autarca tornou-se notícia depois de se ter apresentado perante as autoridades para expor o caso. O marido foi detido depois de a Polícia Judiciária ter encontrado armas ilegais numa busca domiciliária, tendo sido constituído arguido. O caso de Isaura Morais faz com que a autarca encaixe no típico perfil delineado pelas estatísticas da APAV. Na maior parte das vezes, a vítima é uma mulher (em 86 por cento dos casos), casada (44 por cento) e com idade compreendida entre os 26 e 55 anos (41 por cento). O agressor é, em 86 por cento dos casos, homem e casado (47 por cento). Em 65 por cento dos casos, o local do crime é a residência comum. A Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) do Ministério da Justiça divulgou em Abril a "Análise das ocorrências participadas às forças de segurança durante o ano de 2009". O total de ocorrências registadas pelas polícias chegou a 30.543, cerca de três mil mais do que no ano anterior. Em 85 por cento dos casos, a vítima é uma mulher, e casada em metade das ocorrências. Em 70 por cento dos casos registados pelas forças de segurança as vítimas estão entre os 25 e os 55 anos de idade. De acordo com os dados coligidos pela APAV, os crimes de violência doméstica aumentaram de 2008 para 2009. Os 15.904 casos representaram um crescimento de 5 por cento. Entre estes, os maus tratos psíquicos representam mais de 35 por cento, enquanto os maus tratos físicos perfazem trinta por cento dos crimes de violência doméstica. O homicídio representa muito pouco, mas os 16 casos têm a agravante de representar uma subida de 128 por cento face a 2008. No entanto, os números parecem ser contraditórios. O Observatório das Mulheres Assassinadas, da UMAR, contabilizou 29 homicídios em 2009, menos 14 por cento do que no ano anterior.

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