Porto 2.0 aposta nas indústrias criativas para animar o centro histórico da cidade

Projecto tem financiamento comunitário e propõe-se construir uma programação cultural, turística e social, envolvendo as instituições, os criadores e os moradores da zona central

Uma convocação à cidade para dar substância e vida ao património da zona histórica - é esta, em traços gerais, a definição do projecto Porto 2.0, segundo ontem foi explicado por Vladimiro Feliz, vereador do Turismo, Inovação e Lazer da Câmara do Porto. A iniciativa tem já assegurado um financiamento de quase dois milhões de euros (70 por cento provêm de fundos comunitários), que poderá "duplicar ou triplicar", de acordo com o investimento privado que for captado.

O que, ao certo, vai acontecer é que ainda não se sabe - e a ideia é mesmo essa. A empresa municipal Porto Lazer propõe-se procurar projectos passíveis de integrar a futura programação, contando, para já, com parceiros como a Casa da Música, a Universidade do Porto, a Cooperativa Árvore, a Fundação José Rodrigues, o Balleteatro, as juntas de freguesia e associações culturais e recreativas, a Universidade Católica, a Addict ou os espaços Plano B e Maus Hábitos.

As iniciativas que vierem a resultar deste projecto vão decorrer com regularidade ao longo dos próximos dois anos, mas terão dois pontos altos, em Setembro de 2011 e 2012. Será uma forma de dar maior visibilidade a um conjunto de acções transversais que, espera-se, consigam "trazer o futuro à cidade, cativando o passado".

Vladimiro Feliz explicou, numa conferência de imprensa no Hard Club, que o Porto 2.0 tem como ponto de partida o património físico da cidade, já classificado pela UNESCO, mas também o "caldo imaterial" portuense, com as suas tradições, saberes e práticas. A ideia passa por acrescentar criatividade a esta preexistência, conferindo "narrativa, visibilidade e coesão" a toda esta área.

"Queremos ajudar a revelar um centro histórico do Porto onde haja cruzamentos diversos, libertadores de energia, contaminantes entre quem aí vive e quem aí trabalha, entre quem aí pensa e quem aí sente, partilhando olhares, perplexidades e vontades que se constituam como um centro nevrálgico de criação, de cultura, e de, renovação de energia", disse o vereador.

Entrada grátis

Todas as iniciativas que venham a resultar do projecto Porto 2.0 serão de acesso livre e gratuito e deverão ser capazes de estimular o aparecimento e consolidação de um pólo de indústrias criativas na zona, permitindo criar riqueza "de forma sustentada e duradoura". A futura programação pretende ainda ter impacto ao nível do turismo, diferenciando os produtos que a cidade oferece de forma a aumentar a sua competitividade interna e externa, e contribuindo para um maior cosmopolitismo do Porto.

"A Porto Lazer está, portanto, através do Porto 2.0, a mobilizar energias e pessoas para evidenciar o que de melhor o centro histórico tem dentro de si, para revelar e dotar de consequência e visibilidade os recursos que aí existem, aí cabem e aí são desejados; em suma, para afirmar todo o seu potencial", afirmou Feliz. "Estamos a consolidar e a alavancar a nova vida da Baixa", concluiu.

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