Juros da dívida voltam a ficar perto dos máximos

Os juros da dívida pública portuguesa estão a subir há quatro sessões consecutivas e já estão próximo dos máximos fixados antes do anúncio do último pacote de medidas para reduzir o défice, a 28 de Setembro. Ontem, a meio da tarde, as obrigações a 10 anos atingiram os 6,30 por cento, não muito longe dos 6,637 por cento exigidos pelos investidores no final de Setembro.

Na semana passada, os juros das obrigações a 10 anos chegaram a descer para os 5,6 por cento. O prémio, ou spread, exigido pelos investidores para comprar dívida obrigações a 10 anos face às alemãs atingiu ontem os 381,6 pontos base, bem mais do que os 318 pontos base exigidos na semana passada.

Esta nova escalada dos juros encarece as próximas emissões de dívida de Portugal e prejudica o financiamento dos bancos nacionais. Os três maiores - BCP, BES e BPI - cotados em bolsa, encerraram ontem negativos.

Na base da nova subida do risco estão vários factores, apenas um de ordem interna: o receio de que as mediadas de austeridade previstas no OE arrastem a economia para uma recessão, colocando em risco a meta de cumprimento do défice. Mas o país está a ser "arrastado" por factores externos, com destaque para os renovados receios sobre a capacidade da Irlanda e da Grécia de colocarem as suas contas em ordem. O spread irlandês atingiu ontem o valor recorde de 447 pontos base, acima do valor que levou a União Europeia a resgatar a Grécia. Os juros das obrigações a 10 anos deste país atingiram os 7,25 por cento.

O mercado está a elevar os juros destes países também por causa da pretensão da Alemanha de impor aos investidores (maioritariamente bancos) a partilha de risco/custo em situações de incumprimento dos estados. Rosa Soares

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