Governo aproxima-se dos operadores turísticos para ganhar com tensão no Egipto

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País recebe 14 milhões de turistas

Enquanto o Egipto enfraquece a sua credibilidade como destino turístico, Portugal está a posicionar-se para acolher visitantes que, por questões de segurança, sejam desviados daquele país africano. Nos últimos dias, o Governo tem enviado cartas personalizadas a operadores turísticos e companhias de aviação, tentando convencê-los de que Portugal constitui uma alternativa aos conflitos no Médio Oriente. Os principais ganhos desta investida deverão começar a sentir-se a partir de Abril.

Em 2010, 14 milhões de pessoas visitaram o Egipto. Mas, este ano, o número deverá sofrer uma quebra por causa da tensão que se faz sentir no país, abalando um dos princípios fundamentais da captação de turistas: a segurança. Nos últimos dias, muitos operadores turísticos têm multiplicado esforços para encontrar alternativas para os clientes.

A britânica Tui, maior operador turístico do mundo, revelou ontem que as crises na Tunísia e no Egipto já provocaram prejuízos que podem chegar aos 41 milhões de euros. Ainda assim, as perdas conseguiram ser controladas porque "a generalidade dos clientes que tinham viagens marcadas estão a optar por mantê-las, escolhendo outros destinos".

Portugal é um dos países que se tem posicionado para colher frutos desta transferência de turistas. Frederico Costa, membro do conselho consultivo do Turismo de Portugal (TP), avançou ao PÚBLICO que o organismo tem estado a "enviar cartas personalizadas aos principais operadores turísticos, como a Tui e a Thomas Cook, e companhias de aviação com operação naquela região", como a Monarch e a Jet2, para mostrar a disponibilidade para receber os visitantes que queiram alterar as reservas.

Algarve em negociações

"Temos mostrado que o TP pode ser o pivôdos contactos entre essas empresas e as associações sectoriais, as Entidades Regionais de Turismo e até os aeroportos, porque há casos em que é necessário alojar turistas, mas também há necessidade de aterrar aviões", explicou. Além destas cartas, o organismo já tem reuniões marcadas, na próxima semana, com operadores e transportadoras aéreas, em Inglaterra e na Alemanha.

Para Frederico Costa, os ganhos podem ser imediatos, mas estas transferências deverão começar a ser realmente sentidas a partir da Páscoa e, principalmente, no Verão, porque "os fluxos turísticos são muito sensíveis à questão da segurança" e, mesmo que a região estabilize até lá, a credibilidade do destino já foi afectada. Em Portugal, a Madeira e o Algarve "são as regiões com mais condições para beneficiar destes direccionamentos" porque são zonas de sol e mar.

Na região algarvia, o presidente da Entidade Regional de Turismo, Nuno Aires, começou a entrar em contacto com os operadores assim que percebeu que iria haver "necessidade de recolocar turistas em mercados alternativos". E, em simultâneo, tem tentado moldar a oferta para um aumento de visitantes, sensibilizando os hoteleiros e o aeroporto de Faro para esta possibilidade. "Somos parte da solução", disse, acrescentando que, apesar de ainda não haver um balanço quantificável destas transferências, "estão a decorrer negociações", nomeadamente com os representantes da Tui e da Thomas Cook, no sentido de atrair os turistas para o Algarve.

Em Portugal também há uma companhia de aviação que está a tirar proveito dos conflitos no Egipto. A Euroatlantic, charter participada pelo grupo Pestana, reforçou a operação no país a pedido de um cliente - a transportadora estatal da Líbia, Afriqiyah Airways. Este aumento, que surgiu para fazer face ao êxodo de pessoas, vai significar um aumento de receitas para a empresa nacional. Raquel Almeida Correia

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