Arquitecto garante que novo centro de congressos só implica abater dois plátanos

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O centro de congressos passou das traseiras para a lateral do pavilhão fotos de paulo ricca

Projecto de execução já foi entregue e está a ser objecto de revisão técnica. Arquitecto diz que referendo proposto sobre o equipamento é promovido por quem "tem que dizer mal de tudo"

O arquitecto José Carlos Loureiro, autor do Pavilhão Rosa Mota, na década de 1950, e responsável pela sua futura transformação num centro de congressos, já entregou à Câmara do Porto o respectivo projecto de execução, último passo antes da abertura do concurso público para a execução da obra. O trabalho consuma a transferência de um edifício inicialmente projectado para a zona do lago para a zona do parque de estacionamento subterrâneo e está agora a ser objecto de uma revisão técnica.

"É um projecto muito complexo, mas pacífico, que reúne o consenso das partes envolvidas", disse Carlos Loureiro ao PÚBLICO, confirmando que o novo edifício destinado a uma sala de conferências com capacidade para 1200 pessoas passou para o "extremo poente da esplanada que há sobre o parque de estacionamento".

Esta alteração, recorde-se, surgiu na sequência da contestação gerada, há cerca de ano e meio, pela apresentação do projecto para criar o centro de congressos, mas não foi suficiente para aplacar o processo que visa a convocação de um referendo à intervenção no Rosa Mota e nos jardins dos Palácio de Cristal. As seis mil assinaturas recolhidas já foram entregues na autarquia e a assembleia municipal deverá pronunciar-se dentro de dias sobre a pretensão dos movimentos cívicos que contestam a construção naquele espaço verde.

Questionado pelo PÚBLICO, José Carlos Loureiro garantiu que o projecto "não vai, de forma nenhuma, destruir os jardins. "Isso é uma mentira absoluta. Só vamos abater dois plátanos, que estão plantados no asfalto. Se há alguém que tem plantado árvores e que se preocupa com isso, sou eu. Não me dão lições nesta matéria", declarou o arquitecto, acrescentando que não está preocupado com a possibilidade da convocação de um referendo.

"Há pessoas que têm que dizer mal de tudo e que acham, agora, que cinco ou seis mil pessoas civilizadas que vêm para um congresso vão destruir os jardins, mas que nunca se preocuparam quando ali andavam vinte mil pessoas nos jogos de hóquei em patins ou na Queima das Fitas e na Feira do Livro", critica Carlos Loureiro.

A criação de um centro de congressos no Pavilhão Rosa Mota resultou, recorde-se, de um concurso lançado pela Câmara do Porto para a concessão daquele equipamento, tendo as negociações posteriores conduzido à criação de um consórcio que junta a Associação Empresarial de Portugal (AEP), o Coliseu do Porto, a ParqueExpo e o Pavilhão Atlântico. O projecto, recorde-se, está orçado em 19 milhões de euros e chegou a estar anunciado para o final deste ano.

O objectivo da intervenção passa por dotar o equipamento de condições que lhe permitam conciliar vários tipos de realizações, nomeadamente conferências, espectáculos musicais e eventos desportivos, podendo passar a acolher grandes congressos internacionais com até sete mil participantes. O projecto prevê alterações profundas no interior da actual calote esférica, mas também a construção de quatro novos volumes no exterior: um restaurante, uma torre para descarga de gases, um paralelepípedo com cerca de três metros de altura, destinado a conferências de menor dimensão, e o pavilhão com capacidade para 1200 pessoas.

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