Iowa ajudou Obama

Quanto mais à direita o Partido Republicano caminhar, mais hipóteses tem Obama de ganhar

Foi notado em todo o mundo que o início da corrida republicana à Casa Branca, no Iowa, começou com o resultado mais próximo que dois candidatos presidenciais alguma vez tiveram num caucus. Por oito votos, num total de 60 mil, Mitt Romney ganhou a Rick Santorum, a surpresa da noite. É cedo para antecipar o que vai acontecer nas eleições de Novembro. Mas o inesperado retrato do Partido Republicano que saiu do Iowa ajuda o Presidente democrata Barack Obama.

Quanto mais à direita o Partido Republicano caminhar, mais hipóteses tem Obama de ganhar. Ter como rival um ultraconservador como Santorum, obrigará Romney, o "moderado", a mudar de discurso pelo menos duas vezes nos próximos seis meses. Santorum é uma das caras fortes da direita religiosa americana, tem dúvidas sobre a teoria da evolução, quer proibir o aborto mesmo em casos de violação, quer proibir o casamento gay na Constituição e tem um impressionante currículo de comentários próximos do racismo mais básico. Por isso, até 26 Junho, Romney terá que se posicionar como um candidato mais à direita do que mostra o seu histórico como governador do Massachusetts. E se ganhar a nomeação, terá que fazer o pino e virar ao centro da noite para o dia, puxando dos seus galões de moderado. Se Romney já é visto, em relação às questões sociais, como um "born-again, again and again", esta inevitável transformação não convencerá quem verdadeiramente elege presidentes nos Estados Unidos - o meio. Todos sabem, republicanos e democratas, que o presidente é eleito pela fórmula mítica dos "40 dentro dos 40", ou seja, os 40% dos eleitores que se descrevem como "independentes" e, dentro dessa fatia, os 40% que se assumem como "moderados". Na prática, neste momento sabemos que um em cada seis eleitores ainda não decidiu em quem votará. E sabemos também que, em 2008, este eleitorado do "meio" votou em Obama e que, dois anos depois, os democratas perderam o Congresso.

O "perigo" dos media, aqui como na China

Oregime chinês iniciou uma campanha pública para banir da televisão programas de entretenimento que considera de "mau gosto", impondo em seu lugar outros que difundam "as virtudes tradicionais e os valores fundamentais socialistas" e que promovam a cultura chinesa "contra a ocidentalização" introduzida por forças hostis. Quem conhece a triste história da revolução cultural maoísta pode imaginar o que aí vem. A ideia, como se depreende, é disciplinar o povo a contento do partido e do Estado. Isso na China. Por cá, o discurso disciplinador coube, ontem, a um consultor do Presidente da República, Fernando Lima. Escreveu ele, num artigo de opinião publicado numa revista brasileira, que "controlar o fluxo noticioso numa época de grande competição informativa é de vital importância para o êxito de qualquer iniciativa no plano político"; e que "ao poder, a qualquer poder, interessa acima de tudo a igualização da informação no contexto dos padrões que ele estabelece." A observação, como se vê, é mesmo válida para "qualquer poder". Em Portugal ou na China, como sem esforço se confirma.

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