Passos Coelhoprofiláctico

"Se o Orçamento não passar, apresentem outro"

Ao PSD parece ter chegado o tempo da desdramatização. Se Passos Coelho mantiver hoje, no encerramento da Universidade de Verão, o tom da entrevista ontem publicada no Expresso, não haverá na sua resposta a José Sócrates laivos de chantagem política ou de ultimatos. Nem aceitará que o façam sobre o PSD. Se o Orçamento não for aprovado, não há crise: "Apresentem outro."

Para trás ficam definitivamente os fantasmas da crise política, agitados subitamente neste Verão: "Foi uma intervenção profiláctica", explica o líder do PSD. Tal como esta entrevista, em que Passos recusa liminarmente que o PS lhe devolva a responsabilidade pela não aprovação do Orçamento. "Cabe-lhes dizer o que querem fazer. Se não disserem nada até 9 de Setembro, não irão abrir uma crise nem imputar ao PSD a responsabilidade de não aprovação do OE. Façam um orçamento correcto e, se ele não passar, apresentem outro", declarou.

Pela sua parte, diz já ter feito o que lhe competia nesta fase. "O PM conhece as nossas condições desde Junho", afirmou. Reconhece que essas condições são "minimalistas" - redução das despesas e rejeição do fim das deduções fiscais. Mas volta a ser equívoco quanto à abertura para negociar quem pode manter os benefícios fiscais na saúde e na educação: "Se o Governo tivesse dito que cortava as deduções a partir do 6.º ou 7.º escalão, ainda era compreensível."

Pedro Passos Coelho faz um mea culpa quanto à falta de explicações do seu partido sobre a proposta de revisão constitucional. "O PSD, que não tinha o processo concluído, não se empenhou devidamente a explicar o que queria", disse. Mas só depois de criticar o PS por ter "assustado as pessoas com questões que não estão no projecto, transformando-as numa ameaça ao bem-estar do país".

Passos admite ainda alterar a expressão "razão atendível" para os despedimentos, mas não a flexibilidade laboral que lhe está inerente. L.B.

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