Clube gay diz-se afastado pela câmara de projecto que propôs

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Lisboa vai ter um espaço municipal para a prática do rugby PEDRO CUNHA

Jogadores de râguebi Dark Horses reivindicam proposta vencedora do Orçamento Participativo de Lisboa. Câmara pede desculpa por lapso de comunicação

O presidente do clube Boys Just Wanna Have Fun (BJWHF), que tem uma equipa de râguebi composta maioritariamente por homossexuais, reivindica a autoria da proposta vencedora do Orçamento Participativo de Lisboa e acusa a autarquia de os ter afastado do processo numa "jogada de bastidores".

A "criação dum campo de râguebi municipal na cidade" foi, com 730 votos, o projecto mais votado na terceira edição do orçamento participativo. Segundo informações que constam do site da Câmara de Lisboa, este projecto resulta da junção de duas propostas diferentes: a "requalificação do parque desportivo de S. João de Brito", da autoria de elementos do Clube de Rugby de São Miguel, e a "criação dum campo de râguebi municipal na cidade de Lisboa", apresentada pelo BJWHF.

Mas o presidente do BJWHF, que integra o clube de râguebi Dark Horses, garante que não foi convidado pela câmara para estar presente na cerimónia que se realizou ontem, em que foram entregues diplomas e capacetes de obra aos vencedores. Filipe Almeida Santos diz que nem sequer foi avisado dos resultados da votação.

Na cerimónia, a autoria da proposta foi assumida pelo Clube de Rugby de São Miguel, cujo presidente do conselho fiscal disse que está a ser negociado com a autarquia ser-lhes atribuída a gestão do espaço. Horas depois, na página do clube na rede social Facebook anunciava-se: "Ganhámos o orçamento participativo, obrigado a todos, em dois anos temos o nosso estádio".

"É estranho haver uma entidade que aparece como entidade gestora, quando a proposta é votada como campo municipal. Com a mobilização que fizemos para a proposta defraudámos as pessoas que confiaram em nós e que votaram numa estrutura de acesso municipal livre", acusa Almeida Santos. Para o presidente do BJWHF, "a câmara não está a fazer um bom papel ao nível da transparência democrática". O processo do orçamento participativo, conclui, "foi subvertido numa jogada de bastidores em que não fomos tidos nem achados".

Já a câmara explica que tudo radicou num e-mail que, "por uma razão inexplicável", não seguiu para Filipe Almeida Santos a convidá-lo para a cerimónia. "Como não quis deixar-nos nenhum contacto telefónico, não foi avisado. Mas nunca quisemos excluí-lo. O cheque em seu nome ficou por entregar", prossegue a porta-voz da autarquia. Já a reivindicação da gestão do futuro equipamento "é abusiva por parte de quaisquer entidades".

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