Inauguração com José Sócrates deixou local cheio de lixo

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Barragem do Roxo passou a receber água de Alqueva NUNO FERREIRA SANTOS

Garrafas de plástico, caixas de papelão e outros detritos ficaram semanas junto à albufeira. Área já foi entretanto limpa

A presença do primeiro-ministro, José Sócrates, a 7 de Julho na freguesia de Ervidel, concelho de Aljustrel, tinha dois motivos - inaugurar a chegada da água de Alqueva à Barragem do Roxo e anunciar que estava concluída toda a rede primária do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva que daria suporte ao abastecimento público. Cumpridos os objectivos, a comitiva de Sócrates foi-se embora e o local ficou pejado de lixo. Assim se manteve durante semanas.

O evento decorreu junto à mini-hídrica instalada a poucos metros da albufeira do Roxo, onde se concentraram várias dezenas de convidados, personalidades do Governo, autarcas, responsáveis da administração pública, de empresas públicas e forças vivas da região. Quando a cerimónia terminou, ficou um rasto de garrafas de plástico (o calor era intenso e obrigou ao elevado consumo de água), telas de plástico, e ainda caixas de papelão.

No dia seguinte, a população de Ervidel que na véspera se manifestara, à chegada do primeiro-ministro, contra o encerramento das escolas, contra a perda de valências no Centro de Saúde de Aljustrel e contra a ameaça de encerramento da estação dos CTT (alguns dos manifestantes foram mesmo identificados pela GNR), ficou chocada com a "quantidade de lixo deixado mesmo à beirinha da água de onde a população é abastecida", lamentou Manuel Nobre, presidente da junta de freguesia. Acreditaram, no entanto, que alguém viria recolhê-lo e limpar a zona. Nada feito - os dias foram passando e o lixo levado pelo vento para a albufeira do Roxo.

Passadas quase três semanas, a junta de freguesia solicitou, por escrito, à Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), a limpeza do local. No dia 25 de Julho, o PÚBLICO confirmou que garrafas e telas de plástico continuavam no local.

A EDIA reagiu depois, dizendo ter tido conhecimento da situação "no dia 28", garantindo que procedeu "imediatamente" à recolha do lixo. E imputou a responsabilidade pela situação à empresa que instalou a tenda, alegando que deveria ter sido ela "a assegurar a limpeza do local, pelo que será responsabilizada por o não ter feito". A empresa visada na resposta da EDIA é a F5C-First Five Consulting. João Tocha, director-geral da F5C, defende que apenas lhes competia a montagem e o levantamento da tenda onde se realizou a cerimónia presidida pelo primeiro-ministro. Mesmo assim, diz assumir "por inteiro" a responsabilidade pelo sucedido.

A albufeira do Roxo abastece quase 50 mil pessoas dos concelhos de Beja e Aljustrel.

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