Moita Flores quer reunir 100 mil assinaturas em defesa da tourada

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Petição lançada "em nome do progresso com memória", diz Moita Flores alfredo cunha/arquivo

Autarca de uma das cidades portuguesas mais ligadas às corridas de touros anuncia a criação de uma associação de municípios, com Espanha e França, para a defesa da tauromaquia

O presidente da Câmara de Santarém é o primeiro subscritor de uma petição "em defesa da Festa Brava", lançada na semana passada. Francisco Moita Flores quer recolher 100 mil assinaturas até Julho de 2011, para demonstrar a sensibilidade do povo português relativamente à tauromaquia, contra "os "talibãs" que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta, além da cultura a eles imanente". A petição, já disponível na Internet, tinha ontem cerca de 350 signatários.

Moita Flores sustenta que este é "um combate pela cidadania e pelos direitos da Terra para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns" e pretende "mostrar definitivamente ao país que não nos submetemos à ditadura do "hamburguer" urbano e que somos muitos, disponíveis para lutar, resistir e assumir Portugal na sua unidade complexa e diversa".

Algumas organizações defensoras dos direitos dos animais, como a ANIMAL, anunciaram a intenção de levar ao Parlamento uma petição legislativa para a abolição das touradas e reforçar as leis de protecção animal. A proposta será apresentada na Assembleia da República a 17 de Setembro, dois dias depois do arranque do novo ano legislativo. Já em Espanha, por exemplo, a Catalunha proibiu as touradas em Julho.

E foi neste cenário que Moita Flores anunciou, na última reunião da Câmara de Santarém, a criação de uma associação de municípios de Portugal, Espanha e França para a defesa da tauromaquia e o lançamento desta petição.

Lembrando as suas origens alentejanas, Moita Flores acusa os promotores das iniciativas contra as touradas de não estarem interessados na defesa dos direitos dos animais, nem na defesa dos direitos do homem. "Gritam o folclore politicamente correcto e giro! E fazem abaixo-assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas próprias consciências".

Classificando de "hipocrisia" as posições tomadas pelos que defendem a proibição das actividades tauromáquicas, o autarca diz que resolveu lançar esta iniciativa "em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à festa e ao espectáculo, em nome do progresso com memória, em nome do desenvolvimento sem perder o sentido da História".

Em resposta, a presidente da associação ANIMAL, Rita Silva, considera que Moita Flores "está a confundir um gosto pessoal com a vontade dos portugueses" e caracterizou a petição como "uma vergonha". "O facto de algo ser uma tradição não quer dizer que seja moralmente aceitável, porque os tempos mudam", justifica. A presidente da associação disse ainda ao PÚBLICO não ter dúvidas de que a petição vai abrir "uma caixa de Pandora", suscitando uma quantidade de reacções a favor e contra a tauromaquia. No que respeita à ANIMAL, Rita Silva assegura que o propósito de Moita Flores "vai ser combatido". com Patrícia de Oliveira

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