Agricultores pedem incentivos à reconversão para o milho

Alqueva, Ribatejo, Alentejo, algu- mas zonas da Beira Interior. Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal, considera que estas são áreas onde os agricultores podem reforçar o cultivo de milho. "Poderíamos produzir mais porque já existem tecnologias para isso", sublinha este responsável, para quem no caso do trigo a situação é muito diferente: "Não temos características a nível da terra para melhores condições nessa área", disse ao PÚBLICO.

Hoje em dia, o país é obrigado a importar entre 60 por cento e dois terços do milho que consome, muito do qual vai para rações animais, mas também para bens alimentares como a farinha e algumas massas ou ainda produtos industriais, como os plásticos.

Ainda há 10 anos, Portugal produziu dois terços do consumo total de milho, recorda por seu turno o presidente da Anpromis - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo, Luís Vasconcellos e Souza. Mas desde então a realidade alterou-se fortemente; nos últimos seis anos, por exemplo, as áreas dedicadas ao cultivo deste cereal (que pode ser de regadio ou sequeiro) reduziram-se em quase 40 por cento. Ficaram-se pelos 132.488 hectares no ano passado.

Agora que os preços do milho, tal como outros cereais, estão em alta nos mercados internacionais, será altura de renovar a importância que se dá a esta cultura, tem defendido a Anpromis, que critica a falta de uma política do Governo que estabeleça os cereais como prioridade. Um exemplo disso, afirma o presidente da associação, é a falta de incentivos para quem pretende alterar o perfil das culturas que produz. "No Alqueva, quem nunca fez regadio precisa de ter algum apoio para assumir um risco que é novo, tem de haver incentivos a nível das explorações", salienta.

"O milho pode ser uma oportunidade importante para a reconversão dos agricultores", concorda Maria Antónia Figueiredo, presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-Alimentares. A mesma responsável lembra que pode haver aqui uma janela de oportunidade, devido ao aumento das áreas de regadio aliada à construção de novas barragens. No entanto, "para que o agricultor invista, as medidas políticas terão de ir no mesmo sentido", tanto nas medidas de apoio à aquisição de novas tecnologias como nos custos de produção, aliados à água e à utilização de energia.

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