A pergunta

Que medida gostaria de ver adoptada nas escolas pelo novo ministro?

Rodrigo Queirós e Melo

Director da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular

"Para nós, a medida fundamental, quer para o sector particular e cooperativo, quer para o Estatal, era consagrar de forma muito clara e radical a autonomia pedagógica das escolas, no fundo implementar a ideia do currículo mínimo e a possibilidade de cada escola desenvolver o seu projecto educativo. A segunda medida seria avançarmos, de forma também clara, no sentido de os pais poderem escolher a escola que querem para os filhos, seja privada, seja também entre as escola públicas, porque mesmo no público não faz sentido andar a distribuir os alunos por código postal".

Lucília Salgado

Investigadora e docente na Escola Superior de Educação de Coimbra

"Gostaria que continuasse a fomentar na mesma linha a educação de adultos, porque ela tem um efeito importantíssimo nos filhos. Os adultos que fizeram um processo de educação de adultos têm melhores competências para orientar os filhos na escola e isso pode mudar o nosso sistema educativo, cujo atraso se deveu ao atraso dos adultos que não souberam - não sabiam - orientar os filhos para a escola. Os estudos comprovam, por exemplo, que os adultos que faziam as Novas Oportunidades conseguiam ter uma prática de envolvimento com os filhos que é facilitadora do sucesso escolar".

Paulo Feytor Pinto

Docente, ex-presidente da Associação de Professores de Português

"A medida que eu mais gostaria de ver adotada pelo novo ministro, que influencia todas as outras e que nunca nenhum seu antecessor conseguiu concretizar, é/era/seria só legislar de forma clara (1), objetiva (2), contida (3), definitiva (4) e atempada (5). Dito de outro modo, acabar com um dos males transversais do sistema educativo e da sociedade em geral e que são:

1. Falta de regras com uma redação clara, sem floreados nem verborreias;

2. Regras com ambiguidades que abrem a porta a arbitrariedades e que, por isso, são uma ameaça à transparência;

3. Todos os dias chegam às escolas novas leis, regulamentos, enquadramentos, circulares, em grande quantidade e, por vezes, em grande contradição;

4. Regras que são constantemente alteradas, adendadas, corrigidas, revogadas. O último exemplo são os novos programas: ainda não entraram em vigor e já foram feitas metas de aprendizagem e já foram anunciadas outras alterações!

5. As regras aparecem na véspera, quando não, depois do prazo... É tudo para ontem, a correr, sem pensar, em cima do joelho."

Maria Dulce Gonçalves

Professora - Secção de Psicologia da Educação da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

"É urgente reformar o Ranking de Escolas. Não contribui para melhorar o sistema, desvirtua muitos dos aspectos essenciais de um ensino inclusivo e de uma educação para todos. Favorece as escolas que podem seleccionar os melhores alunos, não incentiva as que se empenham em ajudar todos a evoluir, apesar das suas dificuldades. Só a criação de processos de gestão pela qualidade nas escolas permitirá monitorizar uma multiplicidade de indicadores que garantam a melhoria contínua da aprendizagem dos alunos. De todos os alunos".

Joaquim Azevedo

Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica

"Estando prevista a extinção das direcções regionais de Educação, num prazo curto, que autonomia real vai ser concedida às escolas e aos seus directores e que papel vão ter os actores sociais locais na educação? Acontece que este anúncio ainda diz muito pouco acerca do que se pretende fazer da administração educacional em Portugal. Tanto pode servir a recentralização do ministério, com prejuízos eventuais para o sistema, como pode abrir o caminho para uma profunda redefinição da educação no espaço local (ou para uma maior indefinição)."

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