ANA aposta em hotéis que vão gerar 6,5 milhões de euros por ano

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Acordos de exploração das unidades hoteleiras vigoram por 40 anos ENRIC VIVES-RUBIO

Empresa estatal, cujas receitas com imobiliário chegam a 18,4 milhões, assinou contrato para construção de três unidades junto aos aeroportos

A estratégia de expansão da ANA para negócios alternativos à aviação deu ontem novos passos, com o anúncio da abertura de três hotéis nas imediações dos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. A gestora aeroportuária vai ceder a construção e exploração a privados e arrecada uma parte das receitas, estimadas em 6,5 milhões de euros por ano. O objectivo é aumentar o peso do segmento de imobiliário, que actualmente vale 18,4 milhões, na estrutura de facturação do grupo.

As três unidades hoteleiras vão significar um investimento de 27 milhões de euros, totalmente suportado por empresas privadas, que acordaram com a empresa, detida a 100 por cento pelo Estado, um contrato por um período de 40 anos. "A ANA apenas assumiu os custos com estudos de mercado e de viabilidade, que realizou numa fase inicial para verificar a viabilidade do projecto", explicou Carlos Ambrósio, director para a área de imobiliário.

Este segmento de negócio representou 5,4 por cento das receitas da gestora aeroportuária em 2010, equivalendo a uma facturação de 18,4 milhões de euros. Com a construção dos três hotéis, nas imediações dos três principais aeroportos portugueses, a ANA espera que a vertente de imobiliário cresça "aproximadamente 4,5 por cento" ao ano, referiu o responsável. Uma aposta que vem no seguimento da estratégia para procurar alternativas aos proveitos retirados da aviação, resultado da aplicação de taxas aeroportuárias.

Os negócios fora da aviação representam cerca de 31 por cento das receitas da empresa, à semelhança do que já acontece com outras empresas do sector, a nível internacional. Dentro deste segmento, os proveitos das lojas dentro dos aeroportos continuam a ter o maior peso. No primeiro semestre de 2010, valiam 43 por cento do volume de negócios com actividades fora da aviação, tendo apresentado um crescimento homólogo de dez por cento.

100 mil hóspedes por ano

A ANA prevê que, no conjunto, as três unidades possam "atingir cerca de 6,5 milhões de euros de receitas por ano". Uma parte dessa facturação será entregue à gestora aeroportuária pelos promotores dos hotéis - grupo no qual estão incluídas empresas como a Hotti Hotéis, o Coperfiel Real Estate e a FTP Hotels. A empresa "será remunerada por uma componente fixa e uma componente variável indexada às receitas", acrescentou Carlos Ambrósio, que estima que os hotéis alcancem, anualmente, entre 95 e 100 mil hóspedes.

Este projecto nasceu em 2009, ano em que foram escolhidos os parceiros privados e iniciado o processo de licenciamento dos hotéis. Ontem, a ANA anunciou que deu "luz verde" à construção das unidades, que vão ter, num total, 17.700 metros quadrados e 350 quartos.

As obras vão avançar até ao final do primeiro trimestre de 2011 e o estabelecimento a instalar no Porto vai ser o primeiro a estar concluído, no início de 2012. O de Lisboa, que será o maior, com 170 quartos, e o de Faro têm um prazo de conclusão de 18 meses. A classificação dos estabelecimentos será de três, duas e quatro estrelas, respectivamente.

No total, a gestora aeroportuária estatal prevê que sejam criados 150 postos de trabalho nos três hotéis, com a unidade a instalar junto ao aeroporto da Portela a ficar com a maior fatia (80 trabalhadores). Quando o novo aeroporto de Lisboa começar a funcionar, a unidade continuará aberta, até porque se desconhece ainda quais os planos para a infra-estrutura aeroportuária actual.

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