Provavelmente, mais do mesmo...

Neste tempo de múltiplas crises, deveria o país estar entusiasmado com o início de um novo mandato presidencial, mas não me parece. Não por se esperar que o Presidente da República fosse a tábua de salvação ou a âncora em porto seguro, mas por se acreditar na importância de um bom desempenho.

Do Presidente da República não se espera que substitua o Governo, mas os portugueses gostariam que fizesse alguma(s) diferença(s): que estivesse na primeira linha do combate pelo emprego, pelos direitos dos cidadãos e pelo Estado Social; que exercesse influência em prol da verdadeira solidariedade em vez de se desdobrar em acções de caridade(zinha); que não apadrinhasse convergências políticas que penalizam os mesmos de sempre para benefício sempre dos mesmos; que fizesse lobby com uma juventude que sente fugir-lhe o futuro, em vez de se rodear daqueles que lho roubam; que valorizasse os serviços públicos e defendesse a sua universalização para bem dos cidadãos; que colocasse os interesses e a soberania nacionais acima de outros que nos espreitam e ameaçam...

Do Presidente que agora toma posse espera-se o que não se encontrou no que termina o mandato. Essa alteração política de atitude e comportamento contribuiria para que os portugueses acreditassem na importância do seu voto em eleições, incluindo presidenciais. Veremos se Cavaco Silva nos surpreende, mas são baixas as expectativas no momento do tiro de partida. Professor, secretário-geral da Fenprof

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