Morreu Vítor Alves, o capitão "diplomata" do 25 de Abril

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Vítor Alves fotografado em 2004

O antigo capitão de Abril Vítor Alves, recordado por Otelo como um diplomata, morreu na madrugada de ontem, no Hospital Militar, em Lisboa, aos 75 anos, vítima de cancro. O seu corpo está em câmara-ardente na Capela da Academia Militar, em Lisboa. A missa de corpo presente realiza-se às 15h, seguindo-se o funeral para o Cemitério dos Olivais.

Otelo Saraiva de Carvalho enaltece a grande capacidade de moderação de Vítor Alves: "Enquanto dirigente do MFA, durante o PREC e mesmo após o 25 de Novembro, foi um camarada de grande moderação. Procurava sempre pôr água na fervura quando alguém queria tomar atitudes repentinas. "Sejamos realistas!", era a frase dele. E os seus argumentos acabavam por nos convencer. Era um gentleman."

Otelo recorda que foi Vítor Alves o responsável por sugerir que a Junta de Salvação Nacional tivesse na linha da frente generais e não capitães: "Achava que ia parecer uma coisa terceiro-mundista, que não dava um sinal positivo ao país e ao mundo ocidental, que os generais passavam uma imagem de maior tranquilidade. E foi assim que surgiram os nomes de Spínola e Costa Gomes, entre outros", recorda.

Vítor Alves nasceu em Setembro de 1935 em Mafra, estudou na Escola do Exército e alcançou a patente de coronel. Antes de ser membro da direcção permanente do MFA, esteve colocado em Angola e Moçambique. Depois da revolução, foi ministro sem pasta entre 1974 e 1975, detendo as pastas da Defesa Nacional e da Comunicação Social. Desempenhou funções de ministro da Educação e Investigação Científica em 1975 e 1976.

Uma década depois seria candidato independente pelo PRD às eleições legislativas (1985), à presidência da Câmara de Lisboa (1986) e ao Parlamento Europeu (1987).

Manuel Alegre lamentou a morte do seu "amigo pessoal", que teve um "papel decisivo na vitória da democracia" no país. Para Albano Nunes, do PCP, "deixa o seu nome para sempre ligado à revolução de Abril".

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