As clareirinhas

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Andamos zangados com o mau tempo, como se estivesse a fazer de propósito. Sentimo-nos pessoalmente atingidos.

Ontem e anteontem apareceram clareirinhas de sol e céu azul, algumas tão descaradas que só na moldura tinham fiapos de nuvem. É pena acharmos cruéis estes intervalos, que achamos feitos para depois sofrermos mais com a intempérie que espreita à esquina, à espera de voltar em força. Os bocados de bom tempo são falsos e madrastos, impedindo-nos de nos habituarmos ao Inverno e de nos equiparmos definitivamente contra ele, sem estar sempre a mudar de atitude e de roupa.

Reagimos mal ao optimismo meteorológico. Mas é uma questão de posição e de contas. Em meados de Janeiro de um ano novo, estamos virados na direcção certa: temos a Primavera e o Verão pela frente. Em Novembro do ano passado, estavam mais do que passados. Agora fazem parte do nosso futuro.

Basta fazer as contas. Sejamos pessimistas e dividamos o ano em duas épocas de seis meses, uma má e uma boa. Considerando que o bom tempo vai de meados de Março até meados de Outubro, faltam-nos dois maus meses para chegar ao bom tempo e, a partir de 15 de Outubro até ao fim do ano, temos mais dois meses e meio de mau tempo.

À nossa frente temos quatro meses e meio de mau tempo e seis de bom tempo. Estamos a ganhar por mês e meio. Para mais, o mau tempo está dividido em duas parcelas fáceis de pagar: uma de cada lado dos seis meses seguidos de bons tempos que aí vêm!

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