FEUP vai monitorizar Bolhão até um ano após o final das obras

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Bolhão tem dois rios por baixo

Projecto delineado para a reabilitação do Mercado do Bolhão vai ser apresentado amanhã. Escoras vão manter-se, pelo menos por enquanto

A Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) vai continuar a monitorizar a estrutura do Mercado do Bolhão durante o período de obras de requalificação e até um ano após o final dos trabalhos. "É preciso avaliar se a reabilitação ficou bem feita", justifica o professor Aníbal Costa, que coordenou o Relatório de Inspecção e Diagnóstico Estrutural do edifício, elaborado a pedido da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN).

O projecto-base para o Mercado do Bolhão, bem como o estudo elaborado pela FEUP, deverão ser apresentados, amanhã, no Congresso Património Intervenção 2010, nas instalações da faculdade. As principais conclusões defendem que o mercado apresenta "razoáveis condições estruturais apesar de se terem observado algumas deformações estruturais decorrentes de assentamentos que ocorreram nas paredes portantes da metade sul da estrutura".

O tom é mais comedido do que aquele que foi utilizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), quando, em 2005, alertou para uma situação de risco iminente do edifício. Contudo, Aníbal Costa garante que não há contradição nas conclusões das duas instituições. "O que se passa é que a inspecção do LNEC foi preliminar e visual, enquanto a nossa foi uma inspecção principal, mais demorada. Mas as conclusões a que eles chegaram [sobre as fragilidades do lado sul do mercado] também nós chegamos", diz.

O estudo da FEUP permitiu confirmar que por baixo do Bolhão existem dois rios, e que a parte central do edifício está sobre "uma grande cova". Uma situação que estará na origem das "movimentações" reveladas pelos estudos geotécnicos. Por isso, os responsáveis da FEUP acordaram com a DRCN que irão proceder a uma "monitorização em contínuo" do edifício. O que significa que a estrutura continuará a ser monitorizada ao longo das obras - para perceber de que forma é que estas podem interferir na segurança - e até um ano após a sua finalização. Aníbal Costa explica que só assim será possível perceber se a reabilitação projectada resolveu os problemas encontrados.

Quanto às escoras que foram colocadas na ala sul, após o relatório do LNEC, o professor garante que vão continuar no mercado, mesmo que o perigo de ruína iminente esteja afastado. "Na dúvida, não fazem mal", conclui. Aníbal Costa garante ainda que a espera de mais um ano pelo arranque das obras não afectará a segurança do Bolhão e que a colocação da cobertura não implica um grande reforço das fundações. "É uma obra de engenharia normal."

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