Metro Sul do Tejo precisa de sete milhões do Estado para funcionar

Foto
A empresa transporta diariamente entre 25 a 30 mil passageiros PEDRO MARTINS

A transportadora da Margem Sul afirma que em Novembro não terá dinheiro para pagar os salários ou à EDP se não receber indemnizações

O futuro do Metro Sul do Tejo (MST) pode estar em risco, assim como o troço em funcionamento. José Luís Brandão, administrador da empresa concessionária Metro Transportes do Sul revela que o Estado tem uma dívida para com a transportadora de 7,2 milhões de euros. E garante que, "se esta situação se arrastar, a concessão não tem meios financeiros para continuar a operar".

Segundo o administrador, citado pela Lusa, estão em causa, já a partir do próximo mês, os salários de 126 empregados. Também o pagamento à EDP poderá estar comprometido e sem electricidade as carruagens não poderão transportar passageiros: "Se deixarmos de pagar à EDP, algo que faremos por que não aconteça, o metro deixa de funcionar", frisou o responsável da Metro Transportes do Sul, que também é administrador da Fertagus. De acordo com a mesma fonte, a verba financeira em atraso é relativa aos últimos dois trimestres de 2009 e ao primeiro semestre deste ano.

O que o Estado vai pagar?

Há quase dois anos, em Novembro de 2008, o então ministro das Obras Públicas, Mário Lino, inaugurava em Cacilhas o último troço da primeira fase do MST. O governante participava assim na conclusão de mais uma etapa importante do metro de superfície na Margem Sul, o tal "deserto onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, onde não há indústria, onde não há comércio", como afirmara um ano antes, para recusar a transferência da localização do novo aeroporto para Alcochete.

Os estudos encomendados pelo Governo previam um fluxo de passageiros bastante superior ao que acabou por se verificar. Nos termos do contrato, o metro teria 80 mil passageiros diários. Segundo as contas de José Luís Brandão avançadas ao PÚBLICO, os utentes diários estão entre 25 a 30 mil; números que sobem para 35 a 40 mil segundo a Lusa. Seja como for, valores inferiores ao mínimo contratualizado, o que faz com que o Estado tenha que proceder a "indemnizações compensatórias". O tarifário cobrado aos passageiros também é definido em função das estimativas de tráfego elaboradas pelo Governo.

A transportadora estima em 25 por cento os passageiros do metro sem título ou que não o validam. José Luís Brandão assegurou que "todos os números foram apresentados ao Governo há mais de um mês, sem qualquer resposta". com Lusa

Sugerir correcção