Pressão máxima da Europa sobre Passos Coelho para deixar passar Orçamento

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Crescem as pressões sobre Passos Coelho para o PSD aprovar o OE MIGUEL MANSO

PPE reúne-se no Funchal e Durão Barroso vai lá estar. A Europa é uma das últimas esperanças para Cavaco

A pressão sobre Pedro Passos Coelho e o PSD para viabilizarem o Orçamento do Estado (OE) de 2011 está a subir. Em Portugal e na Europa. A partir de hoje, no Funchal, reúnem-se os 250 deputados do PPE no Parlamento Europeu - grupo em que se encontram PSD e CDS-PP -, presidido por Joseph Daul, o homem conhecido pelas pontes que faz entre Angela Merkel e Nicolas Sarkozy. E o convidado especial é Durão Barroso, que hoje mesmo deverá repetir na Madeira os apelos para que o Orçamento português seja viabilizado. Pelo PSD, claro.

Embora tenham sido agendadas logo após a tempestade que devastou a Madeira em Fevereiro, estas jornadas parlamentares surgem agora providencialmente, como sendo o canal ideal para transmitir a Pedro Passos Coelho e ao PSD as grandes apreensões com que toda a Europa (e a Alemanha em particular) está a acompanhar a situação portuguesa - a política e a económica, já que os receios se centram em torno de uma segunda crise do euro, que pode ser despoletada pela Irlanda e por Portugal.

O líder do PSD não se deve cruzar no Funchal com Durão Barroso, pois só chega amanhã, para fazer uma intervenção sobre Portugal e os desafios do futuro. E embora fique apenas um dia, será a oportunidade para se reunir com diversos deputados, desde logo com Joseph Daul, defensor da responsabilidade orçamental. Foi ele que, perante a crise financeira, chegou a propor cortes nos salários dos deputados europeus.

É nessa pressão europeia que reside a esperança no Palácio de Belém de ver o Orçamento aprovado. O telefonema na hora certa para a pessoa certa que todos, dentro do partido, sabem ser Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia e ex-líder do PSD.

Formalmente, a clarificação só acontecerá na próxima terça-feira, quando se realizar o Conselho Nacional do PSD para discutir a proposta do Governo e procurar respaldo para a decisão que vier a ser tomada pelo partido. Mas os próximos dias prometem ser agitados. Amanhã, o executivo socialista apresenta aos partidos as bases do Orçamento do Estado. Sexta-feira há debate quinzenal na Assembleia da República com o primeiro-ministro e só depois as contas para 2011 serão mostradas ao país. No PSD, há uma certeza: o partido está dividido entre a abstenção e o "chumbo" através do voto contra, mesmo dentro da Comissão Política Nacional. Já na Comissão Permanente, o órgão mais restrito de Passos, sabe o PÚBLICO, a tendência é esmagadora pelo voto "não".

Na defesa da abstenção no Orçamento está meio mundo político. Dentro e fora do partido. Entre eles estão o actual e os três últimos presidentes da República, além de Durão Barroso, Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, economistas e analistas políticos das mais variadas áreas.

Cenário de chumbo ou não

Mas, quando se ouve Passos Coelho e os seus mais próximos membros da direcção e conselheiros, fica-se com a forte sensação de que o PSD pode mesmo chumbar o Orçamento. A ponto de ter dito, segunda-feira à noite, que só não apresenta uma moção de censura por se aproximarem as eleições presidenciais. "O que sabemos até hoje é que está lançado um drama muito grande, como se o país estivesse à beira da insolvência e tudo dependesse do PSD, o que não deixa de ser uma coisa curiosa, porque dá a impressão de que, se o PSD não tiver aqui alguma atenção, podemos cair todos num abismo muito grande", afirmou Passos, prometendo estar atento a tudo o que se diz.

A verdade é que a insistência do líder do PSD no cenário de "chumbo" é visto, na sede do partido, como uma forma de pressionar José Sócrates a recuar no aumento dos impostos. Esta insistência nas críticas ao Orçamento do executivo socialista permite ao PSD "destapar" as debilidades do OE e tornar claras as suas divergências. Independentemente do sentido de voto. É que, se for a abstenção - e para isso também José Sócrates tem de recuar no aumentos dos imposto -, será sempre justificada pelo sentido de responsabilidade e pelo interesse nacional. com Luciano Alvarez

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