Apoiantes cerram fileiras em torno de Julian Assange no dia em que vai a tribunal

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Assange foi o mais votado pelos leitores da FABRICE COFFRINI/AFP

Advogados dizem que a Suécia vai ceder face a pedido de extradição que os EUA hão-de apresentar; escritor Paulo Coelho anunciou apelo a favor do site de fugas de informação

Um juiz londrino vai esta tarde decidir se Julian Assange, o editor do site WikiLeaks, poderá aguardar em liberdade condicional até ser extraditado para a Suécia, para responder por acusações de violência sexual, ou se terá de voltar para a prisão vitoriana onde passou a última semana.

Enquanto isso, os seus defensores multiplicam-se em iniciativas. Uma delas é a do escritor de megassucessos internacionais Paulo Coelho, que se vai juntar ao "homem mais perigoso da América", como lhe chamou um dia Henry Kissinger, o autor da fuga de informação sobre o início da guerra do Vietname, Daniel Ellsberg, para gravar uma mensagem de apoio à WikiLeaks e Assange. A iniciativa foi anunciada no Twitter.

Mas os apoios ao fundador da WikiLeaks vindos de figuras públicas vêm de vários lados. Bianca Jagger, a socialite Jemima Khan, o realizador Ken Loach, por exemplo. Consideram-no um jornalista e, sobretudo, indignam-se com a reacção dos EUA - onde vários políticos o classificaram como terrorista e apelaram à sua morte.

Na Austrália, o seu país natal, o jornal The Australian diz que o Labour, o principal partido da coligação governamental, está dividido sobre a posição a tomar. Há críticas à posição assumida pela primeira-ministra Julia Gillard, que disse que a divulgação dos mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos Estados Unidos se baseavam num acto ilegal.

Gillard tem tentado clarificar a sua posição, dizendo que se referia ao roubo do material - ao que tudo indica pelo soldado Bradley Manning, preso e acusado desde o início do Verão, mas sem ter ido ainda a julgamento - e não às acções de Assange.

Kevin Rudd, o actual ministro dos Negócios Estrangeiros e o antecessor de Gillard na chefia do Governo, tem garantido que defenderá os direitos legais de Assange. A Austrália, no entanto, lançou uma investigação para determinar se o editor do WikiLeaks terá violado alguma lei.

Os advogados de Assange, por seu lado, têm insistido em que Washington se prepara para pedir a extradição de Julian Assange, acusando-o de crimes relacionados com a divulgação das comunicações diplomáticas. "Fomos informados pelas autoridades suecas de que se reuniu um grande júri secretamente em Alexandria [no estado norte-americano de Virgínia]", disse Mark Stephens, um dos defensores do australiano, no programa de Mark Frost na televisão Al-Jazira.

Stephens disse que se houvesse um pedido de extradição para os EUA, a Suécia, que pediu um mandado de captura internacional devido a queixas de sexo não consensual apresentadas por duas mulheres (ver texto secundário), "iria ceder nos seus interesses face aos americanos." E concluía: "Parece-me que o que enfrentamos é uma acusação só para lhe poderem deitar a mão [a Assange]".

Como foi preso no Reino Unido, as autoridades britânicas temem uma vaga de ataques informáticos - à semelhança dos lançados na semana passada pelo grupo Anonymous.

E enquanto tudo isto se passa, ficou-se a saber que Julian Assange foi mesmo o mais votado pelos leitores da revista Time para Pessoa do Ano. Mas há outros factores a levar em conta, explica a revista, e são os editores quem escolherá. O eleito só será revelado quarta-feira.

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