Apoio da Câmara do Porto a Serralves passa a ser direccionado para o serviço educativo

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Em 2010 foram PAULO RICCA

Novo protocolo ainda não foi assinado. Até agora, o apoio municipal destinava-se à aquisição de obras de arte para a colecção da fundação. Mecenas são a esperança para mais aquisições

O novo protocolo que estabelece o apoio da Câmara do Porto à Fundação de Serralves ainda não foi assinado entre as duas instituições, mas o seu teor vai mudar. Está prevista uma diminuição da verba atribuída pelo município, bem como da função que será dada a este apoio. O serviço educativo de Serralves sai reforçado, mas a fundação precisa agora de encontrar uma alternativa para conseguir aumentar a colecção de obras de arte.

O anúncio desta alteração foi feito pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, no discurso de comemoração do seu 9.º ano de mandato. "O próprio apoio que a câmara dá à Fundação de Serralves vai mudar e vai passar a ter bem mais presente a vertente da educação e da coesão social, tal como já era, e vai continuar a ser, com o apoio à Casa da Música", disse, na altura, o autarca.

Ao PÚBLICO, a directora-geral da fundação, Odete Patrício, confirma que o município lhe "transmitiu a vontade de mudar o objecto do apoio" dado a Serralves. Desde 1998 que o protocolo de ajuda financeira definia a "aquisição de obras de arte" para a colecção da fundação como o seu objecto principal. "Foi-nos transmitido, primeiro pelo presidente e depois pela vereadora [Guilhermina Rego], que gostariam de direccionar o apoio do município para o nosso serviço educativo", diz.

Apesar de o novo protocolo não ter sido ainda assinado, é previsível que a verba envolvida seja também inferior à do ano passado. Em 2010, o apoio da autarquia a Serralves foi de 180 mil euros, este ano deverá ficar-se pelos 150 mil. Na Casa da Música, os 250 mil euros de apoio anual já são canalizados, directamente, para os serviços de acção educativa há alguns anos.

Para Serralves, esta mudança de objecto não merece críticas. "A colecção é fundamental para o museu - não há museu sem colecção -, mas a nossa componente pedagógica, de formação de públicos, também é essencial. No fundo, o que faremos é passar de uma prioridade estratégica para outra", explica Odete Patrício.

No ano passado, o serviço educativo de Serralves atingiu o universo de "138 mil crianças e jovens", acrescenta a directora-geral. Com o reforço da verba para esta área, a expectativa é que os números possam crescer. "Nós já tínhamos uma dotação [orçamental] idêntica à do ano passado, para manter este nível de participação. Com este apoio extra, esperamos poder reforçar a nossa componente educativa", diz.

A boa notícia para o serviço educativo representa, contudo, um problema para o alargamento do crescimento da colecção artística. "Esta mudança vai-nos obrigar a encontrar alternativas para o apoio à colecção", diz Odete Patrício. A responsável de Serralves diz que a forma como esse apoio será conseguido ainda está a ser pensada, mas que "terá de passar pelo mecenato", o que, reconhece, "é um problema complicado e um desafio muito grande, num ano de aperto financeiro". O PÚBLICO tentou ouvir a Câmara do Porto sobre o novo protocolo com Serralves, mas o gabinete de comunicação e promoção da autarquia disse apenas: "Quando (...) for aprovado e assinado daremos nota pública."

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