Em discurso directo

Rita Quintela, mãe de quatro filhos, autora do blogue http://mae-galinha.blogs.sapo.pt

Porque somos muitos e ganhamos pouco, temos direito ao subsídio de Acção Social Escolar. Papéis entregues, IRS direitinho e o primeiro drama: no agrupamento a que pertencemos, o procedimento é que os livros sejam encomendados na livraria X (...). Acontece que a livraria não quis colaborar com a escola, dado o tempo de espera em relação aos valores dos subsídios. Já corria Agosto quando a escola conseguiu um acordo com outra livraria. Encomendei os livros, paguei a caução. No dia 31, fui à livraria, cheirei os livros, vi-os arrumadinhos em caixas com os nomes das miúdas mas não os levei porque a escola não tinha enviado a tal lista dos alunos. (...) Esperei. Desesperei. Sendo que o ano lectivo deve iniciar-se entre 8 e 13 de Setembro do corrente, no dia 8 rebentei. (...) Então voltei à escola, agora ao conselho executivo, e despejei tudo. (...) Na turma do 6.º ano, há pelo menos dez alunos com subsídio, mas nenhum dos pais sabia desta vergonha. Têm-se limitado a aceitar a espera que lhes é imposta pela livraria. Se a mim me custa pagar, mesmo com a pouca ajuda do Estado, calculo o esforço de algumas famílias. (...) Uma aventura, isto de ter filhos no ensino público, obrigatório e, sobretudo, gratuito. Uma aventura, senhora ministra, é o que lhe digo.

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