Professores de EVT mobilizados para a luta contra alterações à disciplina

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Os professores de EVT dizem que os cortes podem causar vários danos raquel esperança

Dia de luto nas escolas e envio de mensagens electrónicas maciças para o ministério entre as acções de protesto aprovadas pelos professores da disciplina

Os docentes da disciplina de Educação Visual e Tecnológica (EVT) estão a preparar uma série de acções de luta para tentar travar o projecto de decreto-lei para a reorganização do ensino básico. Em causa está o facto de este projecto propor que a disciplina de EVT passe a ser leccionada por apenas um professor em vez de dois, o que, segundo os docentes, irá beliscar o currículo da disciplina, perspectivando também o desemprego para milhares de professores. Entre as acções de protesto ontem aprovadas, no âmbito de um encontro nacional que reuniu centenas de docentes em Aveiro, está a realização de um dia de luto nas escolas e o envio de correio electrónico maciço de todos os professores para o Ministério da Educação.

Estas e outras acções de luta, que se encontram delineadas numa moção estratégica, ainda não têm data prevista, mas deverão arrancar já "em Janeiro e Fevereiro", segundo garantiu José Alberto Rodrigues, presidente da APEVT (Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica). Fica também a certeza que outra das frentes de batalha passará pelas redes sociais - Faceboock, Twiter, blogues do mundo da educação -, nas quais os professores de EVT vão já recolhendo centenas de apoiantes.,

Dos cerca de 14.000 docentes de EVT, praticamente "todos os professores contratados, que serão cerca 2000 a 2500, perderão o emprego", alertou José Alberto Rodrigues, na certeza de que, "no caso dos professores que estão no quadro, muitos poderão ficar sem horário, portanto, sem turmas atribuídas". À ameaça de desemprego junta-se a convicção de que a leccionação da disciplina, que assenta numa vertente muito prática e artística, também sairá afectada, caso o projecto-lei vá avante.

Estes e outros argumentos ficaram bem vincados no encontro nacional que decorreu ao longo de todo o dia de ontem, com cerca de 700 professores de todo o país, numa altura em que a APEVT ainda continua à espera que seja marcada a audiência solicitada junto do Ministério da Educação. "Esperamos que prevaleça um pouco de bom senso, uma vez que está em causa o ensino público", antecipou José Alberto Rodrigues, a propósito da resposta que esperam obter por parte da tutela.

Para já, os professores de Educação Visual e Tecnológica contam com o apoio de todos os sindicatos e de alguns grupos parlamentares. Ana Drago (BE), Antero Resende (Verdes) e Rita Rato (PCP) juntaram-se, mesmo, ao encontro nacional de ontem - todos as bancadas foram convidadas, mas PS e PSD não responderam e o CDS/PP justificou a ausência. "Esta não é uma disciplina expositiva em que os alunos estão a ouvir o professor, é eminentemente prática, com 26 ou 27 alunos numa sala a manusear, por vezes, materiais ou equipamentos que podem representar algum perigo, o que não se coaduna com apenas um docente", alertou o deputado Antero Resende.

Idêntica opinião manifestou Ana Drago, cujo partido já apresentou um requerimento para ouvir a ministra da Educação na Assembleia da República sobre estas matérias - PCP e Os Verdes também já questionaram a tutela sobre estas novas propostas de reorganização do ensino básico. "São apenas razões economicistas que estão na base desta alteração", vincou a deputada bloquista. Rita Rato, por seu turno, lembrou também o facto de esta ser uma disciplina que os alunos com necessidades educativas especiais têm no seu currículo, razão pela qual o corte de um professor pode causar ainda mais danos.

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