Casas de idosos carenciados vão ser recuperadas pela Mota-Engil

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"Eu não fiz nada para ser estrela", diz Felismina Oliveira Paulo pimenta

A primeira obra da parceria entre a Fundação Porto Social e a Mota-Engil vai ser feita numa ilha da freguesia do Bonfim. Quanto custa? 20 mil euros

Felismina Oliveira, 87 anos, ainda tem dificuldades em acreditar que lhe saiu "o Euromilhões". Não o verdadeiro, que implica a escolha acertada de cinco números e duas estrelas, mas aquele que vai permitir acabar com as infiltrações na casa que habita, na "ilha das Topadas", no Porto. A casa de Felismina é a imagem simbólica do projecto Porto Amigo, nascido da parceria entre a Câmara do Porto (através da Fundação Porto Social) e o Grupo Mota-Engil, que irá reabilitar casas de idosos com carências económicas.

O protocolo entre a Fundação Porto Social e o grupo do sector da construção foi assinado em Março de 2009 e começa agora a ser concretizado no terreno. O projecto da Mota-Engil, aceite pela autarquia, prevê que, anualmente, o grupo disponibilize 50 mil euros para melhorar as condições das casas de portuenses carenciados com mais de 65 anos, que vivam sós (ou com o cônjuge) e com mobilidade reduzida.

Felismina cumpre todos os requisitos, apesar de a mobilidade não ser um problema drástico. A anca fracturada causou-lhe alguns dissabores, mas ainda se movimenta de forma ágil pelo pátio largo repentinamente cheio de jornalistas, responsáveis autárquicos e da Mota-Engil. "Estou envergonhada, eu não fiz nada para ser estrela", diz, enquanto vai mostrando a casa a Rui Rio e a António Mota, presidente do Grupo Mota-Engil.

E a casa vê-se num instante: uma zona de entrada, transformada em sala minúscula, atrás da qual um espaço igualmente exíguo foi dividido em quarto de dormir e em cozinha. A casa de banho fica no exterior, e apesar da esperança de Felismina de que lhe construíssem sanitários no interior da habitação, "para não andar com os baldes para cá e para lá", essa obra não faz parte do projecto.

José Ribeiro, responsável pelo núcleo de arquitectos da Mota-Engil, explica que a facilidade com que Felismina ainda se movimenta, e o facto de os sanitários exteriores "terem sido renovados e terem o mínimo de condições", excluiu essa hipótese.

A obra, orçada em cerca de 20 mil euros, deverá passar, sobretudo, pela resolução do grave problema de infiltração da casa. O que resultará, na prática, numa intervenção no telhado, quando o tempo estiver mais quente e seco, de maneira a que Felismina não tenha que abandonar a casa durante as obras. O resto, explica José Ribeiro a Rio, na sala apertada de Felismina, são questões de "pormenor". Tentar alargar as escadas do pequeno sótão a que a moradora já não vai. Baixar o ponto de fixação do relógio de sala, para que Felismina não tenha mais que trepar a um banco para lhe dar corda, correndo o risco de cair.

Das 56 candidaturas ao projecto Porto Amigo, a Fundação Porto Social seleccionou 16. A Mota-Engil vai intervir, este ano, em cinco casas, estando ainda previstas "pequenas intervenções em meia dúzia" de outras habitações, explicou Rui Pedroto, do grupo construtor. Pedroto adiantou ainda que, este ano, deverá abrir uma nova fase de candidaturas, para que mais casos se possam juntar aos já seleccionados.

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