Falta de meios para reduzir pobreza põe em perigo os Objectivos do Milénio

Foto
925 milhões sofrem de fome

ONU lembra que há "défices graves", mas também há vitórias: menos 400 milhões de pobres do que em 1990

A falta de fundos está a pôr em causa a concretização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), metas fixadas a nível internacional para reduzir a dimensão de flagelos como a pobreza, a fome e a mortalidade materna e infantil, alerta um relatório das Nações Unidas ontem divulgado.

O relatório A Parceria Mundial para o Desenvolvimento num Momento Crítico, tornado público em vésperas da cimeira sobre os ODM, que, de segunda a quarta-feira da próxima semana, se realiza em Nova Iorque, conclui que, a cinco anos da data fixada para a concretização dos objectivos há "défices graves".

Os dados das Nações Unidas indicam que 1,4 mil milhões de pessoas continuam a subsistir com menos de 1,25 dólares por dia, o limiar de pobreza definido pelo Banco Mundial, apesar da redução de 400 milhões conseguida desde 1990. Estimativas divulgadas esta semana apontam para 925 milhões o número de pessoas que sofrem de fome crónica, uma redução de 98 milhões face a 2009.

Os fluxos de ajuda atingiram no ano passado o nível recorde de 120 mil milhões de dólares, mas esse valor é inferior em 20 mil milhões ao montante anual de ajuda prometido pelo G8, grupo que reúne as oito maiores economias. Na sua cimeira de Gleneagles, em 2005, o G8 comprometeu-se a reforçar a sua ajuda ao desenvolvimento em 50 mil milhões de dólares e a duplicar a auxílio a África, aumentando-o em 25 mil milhões. Só que o défice de financiamento previsto para este continente é superior a 16 mil milhões de dólares.

O relatório prevê que a ajuda pública ao desenvolvimento chegue este ano aos 126 mil milhões de dólares, mas considera esse valor insuficiente. É por isso que apela aos países doadores para que consagrem 0,7 por cento do seu rendimento nacional bruto à ajuda pública ao desenvolvimento.

A cimeira de Nova Iorque, em que está prevista a presença de 139 chefes de Estado e de Governo, tem como objectivo relançar a mobilização internacional de modo a permitir que os ODM sejam alcançados até 2015. Para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, "o desafio é investir os recursos onde terão mais impacto - na educação, no emprego, na saúde, na agricultura, nas infra-estruturas e na energia verde".

De Nova Iorque deve também sair a Estratégia Mundial para a Saúde das Mulheres e das Crianças, destinada a reduzir a mortalidade infantil e melhorar a saúde materna. Para avançar nesses dois objectivos concretos, salvar a vida de milhões de mães, recém-nascidos e crianças serão precisos, segundo as estimativas, 88 mil milhões de dólares entre 2011 e 2015.

Sugerir correcção