UE declara guerra à especulação financeira

A União Europeia (UE) anunciou ontem que quer impor uma "transparência total" no mercado dos produtos financeiros altamente especulativos que são geralmente acusados de terem agravado a crise da dívida grega. Este objectivo foi expresso por Michel Barnier, comissário europeu responsável pelos serviços financeiros no mesmo dia em que George Papandreou, primeiro ministro grego, anunciou que vários países querem acabar pura e simplesmente com alguns destes produtos.

Em causa estão sobretudo os chamados "Credit Default Swaps" (CDS) que funcionam como uma espécie de seguros contra o risco de reembolso de uma dívida, e cuja elevada procura em nome da protecção contra o risco de falência da Grécia alimentou o nervosismo dos mercados provocando um aumento dos prémios de risco exigidos pelos títulos da dívida grega.

Numa entrevista ontem publicada pelo jornal alemão Handelsblatt, Papandreou afirmou que escreveu em conjunto com Angela Merkel, chanceler alemã, Nicolas Sarkozy, presidente francês e Jean Claude Juncker, primeiro ministro do Luxemburgo e presidente do "eurogrupo", uma carta ao presidente americano, Barack Obama, propondo "o encerramento do mercado" dos CDS. A proposta destina-se, segundo explicou, a ser discutida na próxima cimeira do G20 de 26 e 27 de Junho, em Toronto, dedicada ao reforço da regulação financeira. "Há produtos financeiros que funcionam como seguros quando a casa do vizinho está a arder, acusou Papandreou.

Sem chegar a defender a eliminação dos CDS, Michel Barnier defendeu que "para garantir a responsabilidade dos que utilizam este tipo de produtos financeiros, temos de ter uma transparência total e, consequentemente, um registo obrigatório". "O mercado dos produtos derivados mobiliza 150 biliões de euros, dos quais 80 por cento escapam a normas de controle ou supervisão. É preciso regular estes mercados opacos e complexos", defendeu, concluindo: "Estas pessoas não gostam muito de luz, mas nós vamos fazer luz sobre todos estes produtos e todos os que os utilizam". I.A.C., Bruxelas

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