Só 6% dos portugueses confiam na classe política

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Belmiro de Azevedo

A fama dos políticos e dos governos não podia estar pior em véspera de eleições presidenciais. A cinco dias de o país decidir quem será o próximo Presidente da República, uma sondagem de opinião mostra que a desconfiança na classe política é generalizada, o que contamina também a opinião sobre o cenário económico. A grande maioria dos inquiridos diz que Portugal está a caminhar na direcção errada e que o país estava melhor há 25 ou há 40 anos.

O inquérito foi conduzido pela consultora Gfk junto de 1002 portugueses entre os 18 e os 64 anos, de todo o território de Portugal Continental. A sondagem integra os trabalhos do Projecto Farol, um think-thank constituído por figuras como Belmiro de Azevedo e Daniel Proença de Carvalho que quer traçar um guia para o desenvolvimento do país até 2020.

De acordo com o estudo, 94 por cento dos portugueses dizem não confiar na classe política, 90 por cento nos Governos, 89 por cento nos partidos e 84 por cento na Assembleia da República. Cerca de 70 por cento revela também não ter confiança nos tribunais, na administração pública ou nos sindicatos.

A agravar o cenário, quase metade dos inquiridos afirma ter pouco interesse na política nacional (43 por cento) e na política local (48 por cento). Contudo, a forte desconfiança e desinteresse face ao sistema político revelados pelos inquiridos parecem entrar em contradição com outras respostas à sondagem. Mais de metade dos portugueses (64 por cento) considera, por exemplo, que a forma mais eficaz de influenciar a sociedade é votar, apesar de depois não confiarem nos Governos eleitos.

Além disso, apesar de os portugueses admitirem que devem ter um maior compromisso com a causa pública e as políticas dos Governos, continuam a defender que é o Estado que deve dar o principal contributo para a competitividade e o desenvolvimento económico do país. Ainda para mais num contexto em que a iniciativa privada escasseia: 54 por cento dos inquiridos não se mostra disposto a lançar-se num negócio próprio.

A sondagem de opinião mostra também que, para a grande maioria dos inquiridos (78 por cento), Portugal está a caminhar na direcção errada, desde logo porque não há uma estratégia de desenvolvimento sustentado para o país. A maioria considera também que não somos competitivos.

Além disso, de acordo com os promotores do Projecto Farol, os portugueses mostram-se mal informados sobre a actual situação do país. Quase metade (46 por cento) dos inquiridos considera que as actuais condições económicas e sociais são piores do que há 40 anos, antes do 25 de Abril, e mais de metade (58 por cento) vê-as como piores do que há 25 anos, antes de Portugal entrar para a Comunidade Económica Europeia.

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