Antiga garagem em Sintra perdeu o tecto e ameaça a linha férrea

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Local de refúgio de sem-abrigo

Vereador garante que vai avançar com a posse administrativa de imóvel abandonado, oposição recorda queixas de comerciantes

O tecto do edifício da antiga Sintra Garagem, no Bairro da Estefânia, ruiu totalmente, provocando um valente susto em comerciantes e pessoas que passavam próximo. A autarquia vai avançar com a posse administrativa do imóvel, em avançado estado de degradação, para garantir condições de segurança no acesso à estação da CP de Sintra.

"Ouviu-se um grande estrondo e saiu uma nuvem de poeira", pelos vidros partidos de portas e janelas, conta Miguel Alves, gerente de um café em frente ao edifício de quatro pisos. Foi pelas 14h30 de anteontem que a antiga garagem à entrada de Sintra, paredes meias com o túnel de acesso ao terminal ferroviário, ficou sem o tecto. "Houve quem pensasse que era um tremor de terra e as pessoas que atravessavam a passagem pedonal sobre a linha férrea desataram a correr", acrescentou o comerciante, que não deu pela presença de elementos municipais junto ao imóvel: "Nem sequer vieram ver se há perigo de alguma parede cair para cima de um comboio."

Os vereadores do PS na câmara alertaram ontem, em comunicado, que a degradação do edifício "coloca em perigo todos os que ali circulam diariamente". E deram conta das queixas de comerciantes "para a existência de ratazanas, lixo, detritos e vidros partidos" que "colocam em causa a saúde pública" e ameaçam a vida de pessoas sem abrigo que ali procuram refúgio durante a noite. Situação que constitui "um deplorável testemunho da "Sintra romântica" para munícipes, visitantes e turistas". Os socialistas acusam o PSD, CDS-PP e CDU de terem inviabilizado a expropriação do imóvel para ali construir um silo automóvel.

Pedro Ventura, da CDU de Sintra, estranha a acusação, uma vez que a coligação "sempre defendeu que o edifício devia ter uma utilização pública". A CDU, afirma, vem preconizando, como solução para as dificuldades de mobilidade e estacionamento na vila, "a transformação da antiga garagem em silo automóvel, de forma a resolver o problema da ligação entre o estacionamento junto ao [departamento de] Urbanismo e a Heliodoro Salgado". O problema de segurança, salienta, "tanto é da câmara como da Refer".

O vereador das Obras Municipais, Luís Duque, esclarece que "os proprietários não responderam às notificações para consolidar o edifício". Perante a queda do tecto, adianta, "a câmara vai avançar com a posse administrativa para realizar as obras necessárias para acautelar a segurança" de peões e utentes da CP. "O processo é irreversível", assegura o autarca do CDS-PP, que, já em 2007, prometera avançar com a posse administrativa se os proprietários não travassem a degradação. Perante a derrocada do tecto, explica, "vão ser consolidadas as paredes para garantir as questões de segurança" e fica para a futura sociedade de reabilitação urbana, a constituir para o centro histórico, a expropriação do edifício.

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