Que os vereadores passeiem e que o presidente os ouça

Há quem aproveite as manhãs de domingo para passear pelas ruas da Foz, pelo Parque da Cidade ou para visitar gratuitamente os jardins e exposições do Museu de Serralves. Há quem aproveite as manhãs de domingo para passear por outras zonas da cidade, bem mais sombrias, como fazem sistematicamente os vereadores da CDU, ao chamar a atenção para os problemas com que uma importante fatia da população se debate no seu dia-a-dia.

Ainda bem que os vereadores eleitos pelo PS na Câmara Municipal do Porto também começaram a passear pela cidade. Caso contrário, como se constatou esta semana, o elevador da Lada, na Ribeira, continuaria inexplicavelmente parado. Aquele equipamento, inaugurado por Mário Soares e Fernando Gomes em 2001, estava simplesmente parado há dois anos e parece que ninguém tinha dado por isso. Até o próprio presidente da autarquia, que confessou na última reunião de câmara que não costumava passear pela Ribeira, desconhecia que o elevador estava paralisado.

É verdade que quase ninguém, à excepção dos turistas e de um par de noctívagos mais anacrónicos, passeia pela Ribeira. O velho e monumental postal da cidade só tem servido de cenário àqueles patéticos programas que preenchem as tardes televisivas com artistas pimba ou para a exibição dos jogos da selecção portuguesa de futebol em ecrãs gigantes. De algum modo, o estranho caso do elevador que ninguém sabia que estava desactivado funciona como exemplo da desatenção que tem sido dispensada à cidade Património Mundial e à Ribeira, em particular.

Bastou que Manuel Correia Fernandes tivesse referido este absurdo em reunião de câmara para que Rui Rio, que agradeceu o "empurrão" do vereador independente do PS, decidisse reactivar o elevador três dias depois. Já que o presidente da câmara e restantes vereadores da maioria não costumam passear pela cidade, espera-se que os vereadores da oposição o façam e que continuem atentos e interessados no que ela contém de mais hiperactivo e de mais letárgico.

Que os vereadores passeiem; que o presidente os ouça; e que, já agora, os problemas se resolvam em três dias! A cidade agradece.

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