Reunião para cumprir calendário

O encontro de ontem entre o primeiro-ministro e os parceiros sociais serviu para "cumprir calendário" e só na próxima semana o Governo irá desvendar os apoios ao emprego previstos no plano de combate à crise que serão eliminados ou reformulados. José Sócrates mostrou abertura para identificar as "vulnerabilidades" na área do emprego que devem continuar a ser apoiadas, mas não desfez as dúvidas dos parceiros.

"O primeiro-ministro veio à concertação social cumprir calendário e explicar o que já tinha sido explicado ao país. Em relação à retirada antecipada dos apoios às empresas e ao emprego, pediu mais tempo", desabafou António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), ao mesmo tempo que criticou o Governo por apresentar medidas a conta-gotas deixando as empresas sem saber com o que contar. "O executivo dá à segunda-feira e tira à terça. As empresas programam o seu futuro de acordo com o quadro legal existente, não se pode estar sempre a mudar", acrescentou o responsável.

Mas as críticas não se ficaram por aqui. João Vieira Lopes, da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, alertou que o tecido empresarial está debaixo de grande pressão e que, com o fim dos apoios, a redução do desemprego, que no primeiro trimestre do ano atingiu a taxa histórica de 10,6 por cento, será mais difícil.

No encontro, os patrões questionaram ainda o Governo sobre a manutenção das redução de um por cento da taxa social única para as pequenas empresas com trabalhadores a ganhar o salário mínimo, mas a dúvida não ficou esclarecida. Esta redução de contribuições foi a chave para que os patrões aceitassem elevar o salário mínimo para os 475 euros em 2010. Por confirmar está ainda se acabam os apoios ao lay-off e a redução das contribuições para a Segurança Social pagas pelas empresas por cada trabalhador com mais de 45 anos.

João Proença, secretário-geral a UGT, frisou que não aceitará o fim dessa isenção e questionou o Governo sobre o contributo do Orçamento para o plano de combate à crise, recusando a eliminação de apoios.

Da CGTP, Carvalho da Silva lamentou que o Governo não tenha trazido conteúdos novos para a reunião o que, frisou, "reforça a necessidade de uma mobilização dos trabalhadores" para a manifestação convocada para 29 de Maio. O líder da Intersindical frisou ainda que o primeiro-ministro "confunde partilha de sacrifícios com distribuição justa de sacrifícios".

O fim antecipado de alguns dos apoios ao emprego permitirá, segundo os números oficiais, poupar 165 milhões de euros. Raquel MartinsJosé Sócrates mostrou disponibilidade para analisar apoios ao emprego que deverão manter-se no futuro

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