Soldados dos EUA matavam afegãos "por desporto"

O grupo cometeu pelo menos quatro ataques contra civis em Kandahar entre Janeiro e Maio de 2010

Um grupo de soldados que combateram no Afeganistão foi acusado pelo Exército dos Estados Unidos de matar civis "por desporto" ao longo de vários meses no início deste ano, revelou ontem o diário The Washington Post.

De acordo com os documentos de acusação, obtidos por aquele jornal, um grupo de pelo menos cinco soldados mobilizados na região afegã de Kandahar formaram uma "equipa de matança" em Dezembro do ano passado - pouco após a chegada à unidade de um novo membro, Calvin R. Gibbs, de 25 anos, que começava a cumprir a sua segunda missão no Afeganistão, após ter estado no Iraque em 2004.

O primeiro ataque do grupo ter-se-á dado em Janeiro, numa aldeia onde o pelotão fazia a segurança de uma reunião entre oficiais do Exército norte-americano e líderes tribais afegãos. Segundo a acusação, um dos soldados atirou uma granada para o chão quando um civil se aproximou deles, para criar a ilusão de que estavam a ser atacados. A seguir, todos dispararam sobre o aldeão.

A partir dessa data e até Maio, o grupo perpetrou pelo menos outros três ataques mortais contra civis em Kandahar, sendo acusados também de desmembrar e fotografar os cadáveres das vítimas e manterem como recordações ossos das mesmas. Alguns dos documentos do processo sugerem que estes ataques foram cometidos "por desporto, por soldados que gostavam de fumar haxixe e beber álcool".

Outros sete soldados são acusados no mesmo processo - o mais grave contra militares norte-americanos desde a invasão do Afeganistão em 2001 -, por dificultarem as investigações e atacarem fisicamente um outro soldado que denunciou as acções do grupo. As audiências preliminares estão marcadas para o início do Outono na Base Lewis McChord, estado de Washington, à qual pertencem os militares acusados.

Sugerir correcção