Subida de preços começa logo no pequeno-almoço

Os custos das refeições dos portugueses vão subir, a começar logo pelo pequeno-almoço, onde quase todos os produtos que o compõem estão na lista dos que vão sofrer agravamento de preços. Nesta altura ainda é difícil avaliar o aumento final dos preços, porque os produtores ainda estão a negociar com a distribuição o que pode ser incorporado nas suas margens e o que terá de ser pago pelo consumidor final.

Mesmo assim, e depois da subida já verificada no açúcar, com tendência a aumentar, o pão, o leite e seus derivados e o café também deverão aumentar muito brevemente.

Essa é, pelo menos, a expectativa dos industriais e produtores que têm estado a suportar o sucessivo agravamento das matérias-primas e dos custos de produção.

No pão, a incorporação de todos os custos implicaria o aumento de um cêntimo em cada unidade. No leite, os industriais recusam--se a quantificar aquilo que será justo repercutir no preço final, limitando-se a adiantar que o agravamento dos custos de produção, nos últimos quatro meses, já ronda os dez por cento. No café para consumo em casa, os principais industriais mostram alguma sintonia em ter de avançar com aumentos entre os cinco e os sete por cento (exactamente o mesmo aumento que deverá acontecer na restauração e similares).

Já fora do pequeno-almoço, também para os sumos e as cervejas há indicações de subidas dos preços, desconhecendo-se ainda o impacto que o aumento de algumas matérias-primas (como o milho, o trigo ou a soja) poderá ter no conjunto dos produtos alimentares que pesam significativamente na estrutura de despesas das famílias.

De acordo com os dados do último inquérito ao orçamento familiar disponível, elaborado pelo Instituto Nacional de Estatística, relativos ao período entre 2005 e 2006, um agregado com dois adultos e duas crianças realizava, em média, 12 por cento da sua despesa total em transportes e 14 por cento em produtos alimentares e bebidas não alcoólicas. Em termos médios, esse tipo de agregado gastava 2881 euros/ano com transportes e 2839 euros/ano em produtos alimentares.

Tendo em conta a inflação do último ano, o acréscimo de gastos do mesmo agregado familiar é, em média, de 283 euros/ano para os transportes e de 64 euros/ano para os produtos alimentares. No total, o acréscimo médio anual de despesa com estes dois tipos de bens é de 347 euros, ou seja, 1,4 por cento da despesa total do agregado familiar.

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