Há cada vez mais portuenses que não vão buscar o carro rebocado

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Em 2010 realizaram-se 2527 acções de fiscalização de estacionamento Fernando Veludo/ NFACTOS

Em 2010, o serviço Via Livre, uma colaboração entre a STCP e a Polícia Municipal, efectuou 2527 acções de fiscalização por estacionamento ilegal

Os carros rebocados por estacionamento ilegal amontoam-se nas instalações da Polícia Municipal do Porto, porque os seus donos não têm dinheiro para os recuperar. "Nós temos actualmente cerca de 80 carros que não foram reclamados", afirmou ontem ao PÚBLICO o comandante da Polícia Municipal do Porto, Leitão da Silva, à margem da apresentação do balanço do serviço Via Livre, uma parceria entre esta força policial e a Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP). Leitão da Silva falava apenas de carros mal estacionados que foram rebocados. Nestas contas não entram automóveis abandonados ou apreendidos.

Para Leitão da Silva, é preciso somar os elevados custos de possuir uma viatura com o acréscimo que representa ser rebocado por estacionamento indevido. Actualmente, e dependendo do local onde se verifica a infracção, pode representar um dispêndio de 150 euros. Mas há quem opte por não ir buscar o veículo logo e, nesse caso, acrescem 15 euros por cada dia que passa. Ou seja, no final de um mês, os 150 euros iniciais transformam-se em cerca de 600 euros. Neste quadro, Leitão da Silva acredita que "a tendência é para um adensamento" destes casos, porque "cada vez mais há pouco dinheiro para pagar algumas coimas".

Segundo a presidente do conselho da administração da STCP, Fernanda Meneses, em 2010 efectuaram-se 2527 acções de fiscalização por estacionamento indevido, o que ronda as sete por dia. Como destacou esta responsável, 70 por cento destas acções verificaram-se em zonas pintadas a amarelo ou nas paragens dos autocarros. Os pontos da cidade onde ocorreram mais impedimentos à fluidez do tráfego automóvel foram as Ruas de Adolfo Casais Monteiro, de Carlos da Maia, do Vilar e do Padre António Vieira. Fernanda Menezes queixou-se ainda de "os autocarros com rampas para deficientes não conseguirem encostar ao passeio" e de esta impossibilidade provocar constantes avarias nas rampas, que são dispendiosas.

Fiscalização concentrada

Por seu turno, Leitão da Silva explicou por que é que os agentes da Polícia Municipal do Porto actuam mais numas ruas do que noutras. "A acção fiscalizadora centraliza-se nos pontos que têm um impacto mais grave na mobilidade da cidade", justificou. Este responsável explicou inclusive que, "numa perspectiva economicista", a autarquia "lucrava mais" se a fiscalidade incidisse principalmente em parquímetros ou lugares de deficientes, onde as multas são mais caras. "Mas nós direccionamos a fiscalização em torno da mobilidade", garantiu.

Também presente na apresentação deste balanço do Via Livre, o vereador da Câmara do Porto responsável pela Fiscalização, Sampaio Pimentel, recordou que a autarquia está a tentar, em colaboração com a Câmara de Lisboa e o Ministério da Administração Interna, que a gestão do trânsito nestas cidades passe para a alçada das polícias municipais. Sampaio Pimentel defendeu que o controlo do estacionamento é também importante para que as empresas às quais a autarquia concessionou estacionamentos possam laborar normalmente.

Já quando questionado sobre os preços praticados nos parques de estacionamento pagos do Porto, o vereador defendeu que deve ser o Estado a regular os valores a pagar, e não a autarquia.

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