Noites do Rivoli deram prejuízo de 20 mil euros

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Os Moonspell tiveram muita gente a aplaudi-los na noite de dia 14 Fernando Veludo/ NFACTOS

Numa sala com a dimensão do teatro municipal do Porto, diz Dorminsky, "não é possível fazer espectáculos sem patrocínios"

As eclécticas Noites do Rivoli que, durante 15 dias, juntaram no cartaz artistas como Mafalda Veiga, Herman José, Moonspell e Camané deram "muito gozo" à organização, "apesar da perda de 20% do investimento, cerca de 20 mil euros". "Correu bem, dentro das nossas expectativas, podia ter corrido melhor se esgotasse tudo. Se fosse o caso, tínhamos isto completamente pago", avançou à Lusa Mário Dorminsky, director do Fantasporto.

A proposta da Câmara do Porto à Cinema Novo, organizadora do Festival de Cinema do Porto, de explorar o Rivoli com um evento musical face ao corte parcial do apoio ao Fantasporto, "apesar de ter dado prejuízo, traduziu-se numa experiência gratificante". "Tivemos prejuízo, o que vem provar que, mesmo nas condições superespeciais em que fizemos este programa, não é possível fazer espectáculos sem patrocínios. Não há volta a dar. Numa sala desta dimensão, não há essa possibilidade", afirmou o promotor.

"Se queremos repetir a experiência, temos de cumprir as regras de qualquer promotor de espectáculos ou festivais. Temos de ter um apoio que nos permita, quando avançamos para o projecto em si, ele já estar parcialmente pago", declarou Mário Dorminsky. O organizador referiu ainda que, sem a participação de empresas, "e todas elas estão a usar a palavra crise como justificação para não darem apoio rigorosamente nenhum", e sem apoios do Estado e das autarquias, "não há hipótese nenhuma de realizar eventos deste tipo".

No "pior mês dos últimos dez anos", com reduções de vencimento e aumento do custo de vida em "todas as áreas", os preços dos bilhetes foram adaptados às circunstâncias, entre os 12,5 e os 25 euros. Apesar disso, Mário Dorminsky reconheceu que o concerto dos Mind Da Gap não se realizou por "não ter vendido bem" e pela complexidade da montagem do espectáculo dos Teratron.

Sem um euro de patrocínio

As Noites do Rivoli apostaram em espectáculos de "grande produção", com lançamento de discos e de digressões, e com públicos "o mais diferenciados possível". E exemplifica: "De casacos de peles e engravatados a ouvir o Camané, pessoas que não via há mais de 30 anos a ver José Mário Branco, miudagem que cruzou em termos de público com a Mafalda Veiga, a um Herman José que veio com uma carga negativa da opinião pública muito grande e que mudou a sua imagem perante essas pessoas. No entanto, Mário Dorminsky reconheceu ter havido "um flop" no concerto que lhe dizia mais, o de Maria João com o projecto Ogre, que definiu como "fusão entre jazz e música do mundo, feito com muita criatividade".

"A base fixa de produção de um espectáculo é de 5 mil euros à qual acresce o cachet. Por preços muito em conta que tenha conseguido, todos abaixo dos 7500 euros, não conseguimos um único euro de patrocinadores", assegurou o promotor do evento.

Seguindo o modelo do Fantasporto e do Baile dos Vampiros, na área da música os organizadores das Noites do Rivoli tentaram descobrir "coisas que estão a emergir com qualidade e potencial para serem trabalhadas". "Qualquer espectáculo que se viu aqui foi um grande espectáculo", concluiu Mário Dorminsky. Mão Morta, Teratron, Mafalda Veiga, Ogre, Herman José, Francisco Menezes, Quim Roscas e Zeca Estacionâncio, Moonspell com Sónia Tavares, Camané e José Mário Branco foram os artistas convocados.

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