Violência nas escolas é "bem maior" do que sugere o último relatório da PSP

A realidade das escolas portuguesas não surge espelhada no último relatório sobre a segurança das escolas, segundo a Federação Nacional da Educação (FNE). O relatório Escola Segura de 2008/09, apresentado sexta-feira pela PSP, aponta para uma redução global da violência em cerca de 15 por cento. Para a FNE, porém, "a dimensão dos incidentes de indisciplina e violência escolares é bem maior".

"O que diminuiu, relativamente aos anos anteriores, foi o universo de escolas. Logo, parece-nos excessivo estar a dizer que houve diminuição da indisciplina e violência", acusou João Dias da Silva, da FNE. Este dirigente não considera que tenha havido uma tentativa deliberada do Ministério da Educação (ME) no sentido de ocultar o que se passa nas escolas.

De resto, o próprio secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Ventura, foi o primeiro a reconhecer que o relatório Escola Segura 2008/2009 não traduz a totalidade dos episódios de bullying ocorridos nas escolas portuguesas naquele ano lectivo. "O bullying é um fenómeno escondido cujo diagnóstico e identificação são muitos difíceis", reconheceu o governante. "Muitos desses episódios nunca chegam ao conhecimento das polícias", reforça agora Dias da Silva. Apesar de apontar para uma redução global do número de incidentes (de 6.039 para 5.134), o relatório aponta para um aumento das agressões a professores (284 casos) e funcionários (184).

A FNE continua assim a insistir na necessidade de um Observatório da Convivência Escolar, à semelhança do que existe em Espanha. A par disso, e na mesma lógica de prevenção, a FNE propõe a criação de equipas multidisciplinares (psicólogos, educadores, assistentes sociais...), a par do desenvolvimento de campanhas de esclarecimento sobre as formas que o bullying pode assumir.

Sugerir correcção