Cartas à directora

Defender o direito à informação

A apreciação negativa ao fundador do WikiLeaks no SOBE E DESCE da edição impressa do PÚBLICO de 20 de Agosto não dignifica esse jornal e não ajuda a restaurar o que para mim era a sua imagem de marca antes de perder e sair humilhado num ainda mal explicado caso de exercício do direito à informação em que enfrentou um poderoso governante. Não fica bem à sua política editorial recorrer ao politicamente correcto para tentar manchar a corajosa atitude de desafio de Assange aos Estados Unidos e a sua defesa da liberdade de expressão, seja esta sempre respeitada ou não pelo Equador, o país a que afinal deve a possibilidade de falar e ser ouvido por lhe ter concedido asilo diplomático. E de caminho lembrar o soldado Bradley Manning, preso num centro militar sem julgamento há mais de 800 dias (quando o limite máximo legal são 120 dias) em condições descritas por um relator da ONU como cruéis e desumanas, o activista dos direitos humanos do Bahrain Nabeel Rajab, preso por um tweet, ou a recente condenação das Pussy Riot por uma performance política em Moscovo, exemplos do que classificou de "unidade da opressão", a exigir "unidade e determinação na resposta".

Carlos Marques da Silva, Lisboa

Assegura Passos Coelho que o regabofe acabou!

Será que, afinal, o meu pai, nesta matéria, se enganara? É que, ano após ano, ia batendo certo o que ele me ensinara: que jamais algum governante mexeria com o regabofe, a economia paralela praticada pelos poderosos deste mundo (dos ricos e dos políticos), isto é, paraísos fiscais, Freeport, submarinos, Cova da Beira, BPN, movimentos de cheques por baixo da mesa nas negociações sobre obras públicas, sacos azuis, Casa da Música, futebol/construção civil/autarquias, imunidades de governantes perante a Justiça (na formosa ilha da Madeira, 48 processos parados em tribunal porque os deputados não levantam a imunidade aos suspeitos), ex-governantes passarem a administradores de empresas com as quais tiveram negócios enquanto foram governantes, criação de empregos desnecessários (mas bem remunerados) para os familiares e amigos da classe política, etc.

Ensinou-me o meu pai que era esta, e não outra, a monstruosa economia paralela, o tal regabofe, mas que, frequentemente, os políticos, para desviarem as atenções de si próprios, só apontavam o dedo à economia paralela praticada pelo comum dos mortais: o médico que não passava recibo, o picheleiro, a sapataria, a casa de roupas, etc.

Depois de pensar bem no assunto, decidi que entre a profecia de Passos Coelho e a sabedoria do meu pai, vou pela sabedoria do meu pai! O regabofe não vai acabar, porque o PSD e o PS não querem.

José Madureira, Porto

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