Vítor Pereira admite que Olegário prejudicou o Benfica

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Vítor Pereira garante que não cede a pressões CARLOS LOPES/arquivo

O presidente da Comissão de Arbitragem considera que o desempenho dos juízes está ao nível do das últimas épocas

O árbitro Olegário Benquerença falhou em Guimarães, não assinalando duas grandes penalidades a favor do Benfica. A análise é do presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, Vítor Pereira, que ontem, numa iniciativa de esclarecimento, reconheceu que o árbitro de Leiria errou no lance em que Carlos Martins caiu na área e voltou a falhar quando um defesa cortou uma bola, também dentro da área vimaranense, pontapeando o pé do argentino Aimar. Mas confessou que tanto num como noutro caso Olegário tem a seu favor o facto de serem lances complicados de ajuizar.

"No caso do lance do Carlos Martins, em campo, o árbitro pode ficar com a ideia de ser o jogador a provocar o contacto e no do Aimar, no campo, fica com a ideia que o defesa corta a bola", disse, adiantando que existem duas dimensões no lance: ao vivo e na televisão. "Ao vivo, ficamos com a noção de que é o defesa quem joga a bola; olhando na TV, o que se percebe é que o avançado interpõe o pé entre a bola e o defensor e este corta a bola, mas também pontapeia a perna do avançado. É um lance complicado de vislumbrar à vista desarmada", analisou.

Ainda sobre o mesmo jogo, que motivou fortes protestos dos dirigentes benfiquistas, Vítor Pereira reconheceu que Cardozo estava em fora-de-jogo "milimétrico" num lance em que acaba por introduzir a bola na baliza, mas que o de Saviola foi mal assinalado, por mau posicionamento do árbitro auxiliar. "A colocação nestes lances pode fazer toda a diferença", acrescentou.

Quanto às críticas que lhe foram dirigidas pelo presidente do Benfica, Vítor Pereira disse que não responde em conferências de imprensa a presidentes ou treinadores. Mas falou sobre a frase do responsável benfiquista de provavelmente estar feliz com aquela arbitragem. "Penso que essa frase não foi para me ofender, porque quando um elemento da minha equipa falha, falhamos todos. Ficamos todos insatisfeitos e eu sou um dirigente responsável", explicou, adiantando que todas as nomeações são feitas com o devido critério. "São feitas com as melhores das intenções. Nomeámos um árbitro sem correr riscos. Dos melhores portugueses. Um árbitro da Liga dos Campeões para um clube que está na Liga dos Campeões. A nomeação era enquadrável com a exigência do jogo. Se, depois, o desempenho já não corresponde às qualidades intrínsecas das pessoas - árbitros e jogadores - isso merecerá a máxima atenção da nossa parte", vincou, lançando um apelo. "Descredibilizar a arbitragem não é o melhor caminho", insistiu.

Quando lhe perguntaram se estas críticas podem funcionar como uma forma de pressão sobre ele, Vítor Pereira diz que não anda nestas coisas há dois dias e que é imune a essas coisas. "Se for essa a pretensão, são tentativas completamente inócuas. Ando nisto há muitos anos e os dirigentes sabem que podem confiar nesta comissão".

Árbitros ao mesmo nível

Questionado sobre se está satisfeito com o desempenho dos árbitros, Vítor Pereira preferiu dizer que gostaria que o trabalho fosse perfeito, mas que isso é impossível. "Os padrões e índices de qualidade da arbitragem destas cinco jornadas vão ao encontro de padrões semelhantes a anos anteriores, à mesma jornada. Duas ou três décimas acima do ano passado", resumiu, neste "balanço pedagógico" em que se recorreu de imagens para mostrar mais erros (como a grande penalidade do Rio Ave contra o FC Porto ou o golo em fora-de-jogo de Liedson frente à Naval), mas também decisões acertadas dos árbitros.

E concluiu: o árbitro, em caso de dúvida, não deve punir. Além disso, Vítor Pereira garantiu que muitas das estratégias dos árbitros foram traçadas com os treinadores no início da temporada, com o objectivo de preservar o espectáculo.

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