A festa tem cem anos e as opções são infinitas

O dia de S. João passou a ser o do feriado municipal do Porto em 1911, mediante referendo. A institucionalização das festas aconteceu em 1945

Se calhar, podia dizer-se que basta estar numa qualquer rua do Porto para estar a celebrar o S. João. Há muitas festas pequenas - de prédio, de rua, de praça, de bairro - que se espalham pela cidade e não fecham a porta a mais um que queira entrar. Mas também há aquelas comemorações já históricas e mais conhecidas (a festa já é celebrada, oficialmente, há cem anos, afinal). Deixamos-lhe aqui algumas sugestões.

Na Fábrica Social - Fundação Escultor José Rodrigues, o convívio de S. João começa pelas 16 horas. Ali perto, o colectivo Es.Col.A celebra também o S. João, no Largo da Fontinha, a partir das 18h. A regra é: leva qualquer coisa para contribuir para a festa, seja uma sardinha, um balão ou uma garrafa de tinto. Quando o cheiro das primeiras sardinhas e pimentos a assar começar a invadir o ar, pode arrancar para o Hard Club. A festa, por lá, começa às 19h e promete sardinhas, martelos e bailarico na esplanada do antigo Mercado Ferreira Borges.

Se pretende continuar com um programa alternativo, siga para a Sala Suggia da Casa da Música, onde, às 22h, começa o concerto Stopestra, com as bandas que ensaiam no Centro Comercial Stop. Para terminar, rume à Rua de Cândido dos Reis para o "Arraial Minimal", com a animação de vários DJ, numa organização dos bares Plano B e do Clube 3C.

A festa, contudo, não é só por aqui. Há bailes e arraiais pela noite fora, nos espaços mais tradicionais da cidade - nas Fontainhas, nos largos de Miragaia, Calém e Nevogilde, no Cais das Pedras e no Cais de Gaia. Há fogo-de-artifício, incluído no já típico "espectáculo de luz e som" sobre o rio Douro, quando bater a meia-noite, e, quando esse terminar, Tony Carreira promete animar a madrugada na Avenida dos Aliados. Se é mesmo fã da tradição mais recente, siga para as praias da Foz e veja nascer o sol enrodilhado no areal.

Se prefere juntar o útil ao agradável nestas festas sanjoaninas, dirija-se à sede da Ataca - Associação de Tutores e Amigos da Criança Africana, na Rua Faria Guimarães, onde, entre as 18h e a 1h, mediante uma contribuição para a causa, pode comer sardinhas e usufruir da animação. Para um S. João novinho em folha e, certamente, alternativo, também pode espreitar o Bairro do Lagarteiro, onde pela primeira vez a população organizou uma festa de S. João.

Se está farto do S. João do Porto e quer experimentar uma celebração diferente, dê um salto a Sobrado, em Valongo, terra das tradicionais "bugiadas". Amanhã, a festa continua por todo o dia, com a encenação da luta entre os Bugios e os Mourisqueiros, mas hoje já há animação.

De regresso ao Porto, e se amanhã ainda lhe sobrarem forças, espreite a corrida dos barcos rabelos, pelas 17h30, entre o Cabedelo e a Ponte Luís I. Em alternativa, à mesma hora, assista à recriação do São João à Moda Antiga, junto à Biblioteca Almeida Garrett. Já agora, vá mais cedo para o Palácio de Cristal e, às 16h, assista, na Concha Acústica, ao concerto da Banda Sinfónica Portuguesa.

Um século de folia

Os festejos de S. João remontam à Idade Média. O município do Porto tem documentos medievais relativos a despesas com a celebração do dia deste santo que coincidia com o do início do ano económico. Mas a festa terá origens pagãs e é fácil ver nalguns dos seus símbolos e rituais - como saltar a fogueira, beber água da fonte, lançar balões e andar com o manjerico - representações do fogo, água, ar e terra. No século XIX, o fogo-de-artifício entrou na festa que também ganhou um símbolo gastronómico: a sardinha assada. Em 1911, ficou decidido, em referendo, que o dia de S. João, que já se comemorava nas ruas, seria o do feriado municipal do Porto. Mas só em 1945 se institucionalizam os festejos de S. João como parte integrante das festas do município.

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