População reclama intervenção urgente em curva perigosa da circular de Braga

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Os acidentes podem ser vistos em DR

Inverno agrava condições de segurança na "curva do Feira Nova" onde há dezenas de acidentes por semana. Vítimas prometem levar Estradas de Portugal a tribunal e criar uma associação

O elevado número de acidentes registados numa curva da circular urbana de Braga está a provocar protestos entre a população da cidade, que exige a intervenção urgente da Estradas de Portugal (EP). As autoridades não têm um registo total do número de sinistros, mas há quem tenha documentado dezenas num canal de vídeos na Internet. Algumas vítimas vão levar a Estradas de Portugal a tribunal e está em marcha a criação de uma associação de automobilistas que utilizam aquela artéria.

A chamada "curva do Feira Nova", na Avenida do Padre Júlio Fragata, é considerado um local de acumulação de acidentes pelos relatórios da sinistralidade rodoviária. Alguns utilizadores da via garantem que há "quatro ou cinco" sinistros todos os dias, apesar de as autoridades não possuírem registo de todas as ocorrências. É o caso de José Gonçalves, que está a reunir contactos de automobilistas que tenham sido vítimas de acidentes naquele local para criar uma associação.

"Aquela curva foi mal desenhada. Os carros perdem a tracção com muita facilidade e, com a chuva, as condições de segurança ainda se deterioram mais", garante este automobilista. A associação, entende José Gonçalves, era a melhor forma de obrigar a EP a uma intervenção de fundo para resolver o problema. o automobilista vai mesmo levar a empresa a tribunal, exigindo responsabilidades pelos danos sofridos na viatura da esposa, que capotou no local no início deste mês.

Esse acidente é um das três dezenas registadas por um morador daquela zona de Braga, num canal criado no YouTube. O autor desses vídeos mantém uma câmara apontada à curva em causa desde o mês passado e vai registando na Internet alguns dos despistes e embates que ali acontecem. Metade deles aconteceu na segunda semana deste mês.

Em Julho, Maria Adriana Carvalho, aluna do mestrado em Educação para a Saúde da Universidade do Minho, recebeu o 2.º prémio do Concurso Nacional de Segurança Rodoviária com um trabalho sobre esta curva. Nas conclusões, são apontadas a "deficiente construção", a "ausência de piso antiderrapagem" e a ausência de "medidas de mitigação" como lombas ou sinalização luminosa, como causas para o elevado número de acidentes que ali se verificam.

O vice-presidente da Câmara de Braga, Vítor Sousa, reconhece que o que se passa naquela curva da circular é uma "situação estranha". O autarca reconhece que a curva é "perigosa", mas alerta que muitas dos acidentes que ali acontecem estão associados ao excesso de velocidade. "Temos estado atentos e vamos dando nota dos problemas à EP, que é a entidade com responsabilidades sobre aquela via", declara.

O PÚBLICO contactou a EP, mas não conseguiu obter esclarecimentos até à hora do fecho desta edição. A sinistralidade naquele troço já motivou uma intervenção da empresa que, há quatro anos, alterou o piso na recta que antecede a curva, colocando um asfalto vermelho e rugoso, para chamar a atenção dos condutores e reduzir as possibilidades de derrapagem.

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