Economia portuguesa sinaliza fuga à recessão técnica

No mesmo dia em que a Grécia formalizou o pedido de ajuda financeira à União Europeia, sinalizando o estado doente das suas finanças, Portugal e outros países divulgaram indicadores que dão sinais de esperança numa retoma da economia internacional. Um discurso que as nações do G20 procuraram enfatizar ontem na sua reunião em Washington e a que o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial deverão regressar hoje, no seu encontro.

O indicador coincidente mensal, usado pelo Banco de Portugal para medir a actividade económica e antecipar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), aumentou para os 0,4 por cento em Março face ao período homólogo do ano passado, numa subida que vai já no 11.º mês consecutivo. Isto sugere que o PIB tenha crescido nos três primeiros meses deste ano, evitando assim que a economia portuguesa resvale de novo para um quadro de recessão técnica.

No último trimestre de 2009, Portugal registou uma queda de 0,2 por cento no PIB face ao trimestre anterior, pelo que, se o mesmo se repetisse nestes primeiros três meses, o país entraria em recessão.

Outros sinais de recuperação da economia portuguesa vêm do lado do consumo privado, cujo índice está a crescer desde Abril de 2009, e também do sentimento económico que, depois de uma queda em Janeiro e Fevereiro, voltou a subir. Em sentido contrário segue a confiança dos consumidores, que acumula dois meses de quedas e mantém-se negativa.

Para a Europa em geral, as notícias foram também animadoras, permitindo às principais bolsas europeias fechar a semana em alta, depois de uma semana de fortes perdas. Segundo o Eurostat, as novas encomendas à indústria retomaram a tendência de subida em Fevereiro, apesar de se manterem em valores distantes aos da pré-crise. Na Alemanha, a confiança dos empresários aumentou também para os 101,6 pontos, o máximo de dois anos, de acordo com o inquérito a 7000 empresários realizado mensalmente pelo instituto Ifo.

A ajudar os números tem estado o aumento das exportações alemãs, um dos principais motores de crescimento da maior economia europeia, e também a chegada da Primavera, que permitiu à indústria da construção retomar a sua actividade e, consequentemente, deverá abrir portas a um incremento do consumo.

Os sinais de retoma estenderam-se aos EUA, onde as encomendas de bens duradouros - excluindo transportes - apresentaram em Março a maior subida em dois anos e as vendas de casas aumentaram 27 por cento, a um ritmo anual de 411 mil habitações, o mais elevado desde 1963.

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