Os sectores que hoje param e como

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Aeroporto de Lisboa, ontem à noite MIGUEL MANSO

Transportes urbanos

Em Lisboa, a Carris prevê assegurar o funcionamento de 50% do regime normal de 13 carreiras, bem como do transporte exclusivo de deficientes. No Porto, a STCP irá garantir os serviços mínimos com o funcionamento de 50% do regime normal de 23 linhas. Os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa vão aderir à greve geral. O serviço vai sofrer uma paralisação total entre as 23h30 do dia 23 e a 1h de dia 25 (sexta-feira). Nas ligações entre Lisboa e a margem sul do Tejo, a Transtejo/Soflusa não garante os serviços mínimos. Nas ligações Cacilhas-Cais do Sodré e Barreiro-Terreiro do Paço, os percursos serão também afectados.

Comboios

A CP prevê perturbações na circulação e supressão de alguns comboios. Haverá serviços mínimos nos comboios urbanos, regionais, de longo curso e internacionais. A Fertagus já informou ter reunidas as condições para o normal funcionamento dos percursos na travessia ferroviária do Tejo. Mas admite eventuais perturbações na circulação de comboios.

Aeroportos

A adesão dos controladores aéreos, dos tripulantes e dos técnicos de handling vai ter impactos significativos na aviação. Para já, estão apenas garantidas duas ligações aos Açores e uma à Madeira, ao abrigo dos serviços mínimos. A gestora aeroportuária ANA já aconselhou os passageiros a consultar as companhias antes de se dirigirem aos aeroportos.

Ensino

As faculdades de Ciências da Universidade de Lisboa e de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova poderão não funcionar, segundo o Sindicato do Ensino Superior. Nestas faculdades estarão piquetes de greve. Tal como na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. No ISCTE, em Lisboa, haverá uma assembleia às 10h30. Na Universidade da Beira Interior e no Instituto Politécnico de Portalegre, os professores estarão reunidos a partir das 10h. Na universidade do Algarve decorrerá uma concentração. No básico e secundário só hoje é que se saberá quantas escolas estarão encerradas.

Saúde

O Sindicato Independente dos Médicos fala em "urgências em pleno, consultas externas paradas, blocos cirúrgicos parados". O sindicato espera uma forte adesão, mas não arrisca uma estimativa. Milhares de médicos trabalharão para cumprir serviços mínimos nas urgências, cuidados oncológicos, diálise e outros serviços. O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses espera uma adesão entre os 75% e os 85% .

Função Pública

Os sindicatos esperam uma boa adesão. Além das escolas, serviços de saúde e tribunais, vários serviços poderão vir a fechar portas ou a trabalhar a meio gás, como direcções-gerais, repartições de finanças, serviços autárquicos, de identificação ou da segurança social. Os serviços municipais de recolha de lixo poderão parar e, segundo a FESAP, os sindicatos tentarão evitar "situações de ruptura" no fornecimento de água, electricidade e gás.

Justiça e segurança

A greve terá sobretudo efeito nos tribunais devido à falta dos funcionários que responderem ao apelo à paralisação feito pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais. Os juízes, diz António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, estarão nos tribunais, mas compreendem "a posição das pessoas" que fazem greve. Os sindicatos representativos da ASAE, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Corpo da Guarda Prisional aderiram. Outros, em representação da PSP, GNR e Polícia Marítima, só não aderem organizadamente nos desfiles de rua porque tal lhes está vedado. Ainda assim, estima-se que muitos associados destes três sindicatos, estando de folga, possam vir a integrar as concentrações.

Comércio

Neste sector, o sentimento geral entre os trabalhadores é de "grande preocupação" sobre a actual situação económica do país, mas o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços de Portugal admite que é difícil antecipar cenários de adesão. Na cadeia de supermercados Pingo Doce não é esperada grande adesão, atendendo à fraca participação em greves anteriores. Também a Sonae, que detém o Continente (e o PÚBLICO), não prevê qualquer alteração no funcionamento das lojas, que vão estar abertas como num dia normal.

Indústria

Na Autoeuropa, o dia de hoje será "um dia de não produção", anunciou esta semana a direcção da unidade portuguesa da Volkswagen, em Palmela. Quanto aos trabalhadores da fábrica, poderão ter a possibilidade "de solicitarem à empresa o gozo de um dia de férias". Quanto às restantes empresas, um pouco por todo o país, os sindicatos têm procurado mobilizar os trabalhadores na indústria. É o caso da Lisnave, por exemplo. As empresas evitam pronunciar-se sobre as perspectivas de adesão à greve.

Cultura

O Teatro do Bairro, em Lisboa, não vai abrir. Na Cinemateca Portuguesa, alguns trabalhadores vão aderir à greve. Contudo, a programação não sofreu qualquer alteração. O Sindicato da Função Pública do Sul e Açores espera, devido aos cortes anunciados, forte adesão no Teatro Nacional D. Maria II. A paralisação deverá estender-se a museus, palácios e outros teatros nacionais tutelados pela Secretaria de Estado da Cultura, situados na área da Grande Lisboa.

Comunicação social

O Sindicato dos Jornalistas lançou o repto para a greve há quase duas semanas, mas não se sabe qual será o impacto da paralisação, mesmo na agência noticiosa Lusa, onde os jornalistas decidiram, em plenário, aderir à greve. Nos canais da SIC, assim como nos da TVI e nos grupos de rádio da Renascença e Media Capital, não se prevêem alterações de programação. Na RTP e RDP, é possível que a greve se faça sentir nos programas emitidos em directo.

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