Nova Ribeira das Naus vai "trazer para os dias de hoje" a história de Lisboa

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Imagem do projecto previsto para a Ribeira das Naus dr

Projecto de dois arquitectos preocupa-se com o passado do lugar. Obra vai custar dez milhões de euros e, segundo a Frente Tejo, "demorará pelo menos um ano"

A requalificação do espaço público da Ribeira das Naus (lisboa), da autoria dos arquitectos João Gomes da Silva e João Nunes, vai permitir "relembrar e trazer para os dias de hoje" uma parte importante da história de Lisboa. Esta é a convicção do presidente da câmara, António Costa, que ontem assinou com a Marinha e a sociedade Frente Tejo um protocolo que define os termos desta intervenção.

A solução que vai ser concretizada "tenta cristalizar numa solução contemporânea de espaço público os elementos estruturais mais relevantes da História deste lugar", lê-se no site da Frente Tejo. Nesse sentido será desaterrada a doca seca, construída em 1790, e ao seu lado surgirão dois planos inclinados relvados - à imagem das antigas rampas-varadouro de lançamento de navios. Também a Doca da Caldeirinha, que segundo os autores do projecto remonta a 1500, vai ser retomada, passando a ligação entre a Ribeira das Naus e o Terreiro do Paço a fazer-se através de uma ponte que atravessará o novo plano de água.

Esta intervenção vai custar dez milhões de euros, dos quais 3,5 milhões financiados por fundos comunitários. Quanto ao valor restante, o presidente da Frente Tejo, Biencard Cruz, adiantou que "a grande maioria" seria paga pela sociedade e o restante pela câmara. Uma informação que contradiz o protocolo ontem assinado, no qual se lê que "da execução da intervenção (...) não decorre a obrigação de qualquer participação financeira, quer da Marinha e/ou do Ministério da Defesa Nacional, quer do município".

No documento acrescenta-se que as obras previstas "decorrem num período máximo de 24 meses após a data da consignação", mas, questionado pelo PÚBLICO sobre quando poderiam os lisboetas usufruir da nova Ribeira das Naus, Biencard Cruz disse que esta "é uma obra complicada, que demorará pelo menos um ano". O concurso público para o avanço da margem do Tejo, acrescentou, deverá ser lançado "ainda este ano", seguindo-se um outro para os trabalhos em terra.

Já o chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Melo Gomes, sublinhou que o protocolo assinado resulta de "um encontro de vontades que tinha de se concretizar, mas não foi fácil", devido à falta de concordância entre "os interesses da segurança militar e da beleza arquitectónica". A solução encontrada prevê, segundo um anexo do protocolo, a "instalação de um sistema de videovigilância" para garantir "um nível de segurança" das instalações centrais da Marinha "idêntico ao actual".

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