Congressistas democratas ameaçados de morte por votarem reforma da saúde

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Há vários dias que Washington é palco de protestos contra a reforma Astrid Riecken/afp

Nancy Pelosi e o líder da minoria republicana condenaram as acções de intimidação contra os legisladores

A speaker do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, e o líder da minoria republicana, John Boehner, apareceram ontem juntos numa conferência de imprensa convocada para condenar veementemente as ameaças de morte e as acções de vandalismo dirigidos contra vários legisladores democratas que votaram a favor da reforma do sistema de saúde norte-americano.

"São absolutamente intoleráveis", qualificou Boehner, acrescentando que aqueles que estão descontentes com a passagem da lei não podem quebrar as regras da civilidade e muito menos violar a lei para manifestar a sua oposição. "Devemos organizar-nos para repelir esta lei, mas há limites que não podemos transpor."

"Se essa é a batalha que interessa aos republicanos, eles que venham. Estamos prontos!", comentou o Presidente Barack Obama, num comício em Iowa City em que garantiu que assim que os americanos começarem a gozar os benefícios da legislação nunca mais quererão voltar atrás. "Não vai ser o Armaguedão que os republicanos proclamaram", antecipou.

Vários políticos republicanos procuraram ontem acalmar os ânimos que antes tinham incendiado com acusações de que a nova lei conduzia ao totalitarismo.

No fim da semana em que o Congresso aprovou a lei, alguns milhares de activistas concentraram-se em Washington, exibindo cartazes com ameaças ao Presidente e aos congressistas democratas. "Se um Brown não chega para matar a reforma, que tal uma Browning?", dizia um dos panfletos, num trocadilho com os nomes do senador republicano do Massachusetts e de uma das mais famosas marcas de revólveres.

A polícia do Capitólio confirmou o reforço da segurança a pelo menos uma dezena de congressistas, cujos gabinetes (e residências particulares) têm sido inundados com ameaças de morte. Depois de Obama assinar a lei, vários escritórios legislativos do país (cada congressista tem um gabinete no Congresso e outro no distrito pelo qual foi eleito) e sedes do Partido Democrata foram vandalizados.

O Senado norte-americano aprovou, entretanto, o pacote de alterações à lei da reforma do sistema de saúde. Como haviam prometido aos seus correlegionários da Câmara de Representantes, os senadores democratas cerraram fileiras e foram derrotando, uma a uma, as iniciativas republicanas, mantendo "incólume" o documento que os congressistas aprovaram no domingo à noite.

Apesar do esforço, a maioria não conseguiu evitar que o pacote da reconciliação seja de novo remetido à câmara baixa, que terá de votar o documento de 153 páginas sem 16 linhas que o chefe parlamentar do Congresso eliminou por não estarem conformes às regras - no pacote de alterações só podiam constar modificações que tivessem repercussão directa na despesa ou receitas federais.

Em causa estão duas provisões que têm a ver com empréstimos federais para estudantes universitários e que não afectam nenhuma das normas relativas aos cuidados médicos.

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