PSD quer CDS no Governo mesmo que tenha maioria absoluta

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Miguel Relvas

Mesmo sem eleições à vista, o secretário-geral "laranja" avança com pistas do que poderá ser um Governo liderado por Passos Coelho

Não há eleições à vista mas o PSD já dá como certo que, mais cedo ou mais tarde, irá liderar o Governo. "E, quando isso acontecer, mesmo com maioria absoluta, contamos com o CDS e com o dr. Paulo Portas", afirmou ao PÚBLICO o secretário-geral do partido, Miguel Relvas.

Uma sondagem da Marktest que hoje é revelada dá ao PSD 47,7 por cento das intenções de voto, quase o dobro das declaradas para o PS (e apenas 6,9 para o CDS), mas Miguel Relvas não se deixa iludir. "As sondagens são como o vento, vão e vêm, não são uma referência", diz, embora não esconda que prefere "estar em primeiro". Ainda assim, quando questionado sobre este estudo de opinião, Relvas afirma logo que "há um novo tempo a começar".

As declarações de Relvas não têm um calendário, apenas uma certeza: "Este Governo e o seu projecto estão fora do tempo e começam a ser uma carta fora do baralho". E isso, acrescenta, porque se trata de "um Governo muito vaidoso, frio e insensível aos problemas das pessoas".

Por isso, começa a fazer sentido pensar no que se segue. "O PSD não está cá só para ser Governo, mas para assumir uma política de reforma", garante este dirigente. E acrescenta: "Com Pedro Passos Coelho, o partido não quer ser uma mera alternativa igual ao PS, mas construir um projecto não-socialista para Portugal". Mais uma pista sobre as alterações à Constituição que estão a preparar.

Relvas recorre à gravidade da situação do país para apelar à união e à "esperança". "A situação do país é muito delicada, exige muita credibilidade, muita transparência e muita seriedade", diagnostica Miguel Relvas, defendendo que "Portugal não pode voltar a ter um projecto e um Governo que falhe".

Nesse sentido, este dirigente garante que o PSD "está a afirmar o seu caminho reformista", e como as reformas "devem ser feitas com o envolvimento dos portugueses", fala num Governo que "tenha condições para fazer uma coligação com o país". E com alguns sectores em particular: "Os novos protagonistas da sociedade e também aqueles com quem já contámos no passado", como o CDS e Paulo Portas.

Mas nem só para a direita olha este PSD. Relvas diz que o seu partido está também a trabalhar para alargar os seus horizontes a vários sectores "à direita e à esquerda", identificando entre estes últimos sobretudo os da área cultural. "Não temos preconceitos à esquerda", sublinha, acrescentando que a cultura é hoje "uma prioridade" para os sociais-democratas.

Como se já estivesse em campanha, o secretário-geral do PSD afirma que o líder do partido é hoje "um referencial de responsabilidade e seriedade". "A sua atitude na oposição é uma demonstração do que vai ser Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro", sublinha. E regressa às sondagens para afirmar que, se fosse por elas, "o PSD não tinha feito o percurso que fez neste últimos dois meses".

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